Resultados do Grupo Casas Bahia no Segundo Trimestre de 2025
Desempenho financeiro marcado por dificuldades e crescimento na receita líquida
O Grupo Casas Bahia (BOV:BHIA3) apresentou resultados financeiros do segundo trimestre de 2025 que revelam um cenário desafiador. A empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 555 milhões, revertendo o lucro de R$ 37 milhões conquistado no mesmo período do ano anterior.
Fatores que Impactaram o Resultado Financeiro
Esse resultado negativo foi influenciado por uma despesa financeira líquida de R$ 1,1 bilhão, que é atribuída, em grande parte, ao aumento da taxa do CDI, que subiu de 10,5% para 14,5%. Além disso, a companhia enfrentou a ausência de um ganho contábil não recorrente de R$ 637 milhões, que havia sido contabilizado em 2024.
De acordo com Elcio Ito, diretor financeiro do grupo, a empresa está comprometida com a disciplina na execução de suas estratégias e com o fortalecimento das margens. “Mesmo com a inflação e o crescimento da receita, conseguimos reduzir as despesas totais nominalmente, o que demonstra a consistência da nossa estratégia”, comentou.
Desempenho do Ebitda e Receita Líquida
No período, o Ebitda ajustado da companhia atingiu R$ 572 milhões, apresentando um crescimento de 26,5%. A margem Ebitda foi de 8,3%, marcando o sétimo trimestre consecutivo de expansão. A receita líquida aumentou 6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 6,87 bilhões. Este crescimento foi impulsionado pelo aumento nas vendas online, que subiram 8,7%, e pelas lojas físicas, que tiveram um incremento de 4,8%.
Os números do GMV (Gross Merchandise Volume) totalizaram R$ 10,45 bilhões, um avanço de 7,6%. Foi destacado também o crescimento do marketplace, que registrou um aumento de 16,2% em categorias estratégicas como telefonia, eletrodomésticos e móveis.
Margem Bruta e Composition de Vendas
O lucro bruto do grupo somou R$ 2,1 bilhões, com um crescimento de 3,8%. A margem bruta foi de 30,1%, apresentando uma redução de 0,6 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2024. A diminuição da margem é reflexo do crescimento acelerado do mercado online, o que impactou na composição dos canais, além da menor penetração de serviços na receita durante o período. Também foi observada uma maior participação de celulares na mix de vendas, tendência que já tinha sido identificada no primeiro trimestre de 2025.
Despesas Operacionais
As despesas com vendas, gerais e administrativas no segundo trimestre de 2025 tiveram uma queda de 2,9%, mesmo diante do crescimento da receita e da inflação. Essa redução resultou em uma melhora de 2,1 pontos percentuais em relação à receita líquida, que totalizou 22,8%. Esse desempenho favorável é explicado, em parte, pela diminuição de 3,2% nas despesas de vendas e de 1,4% nas despesas administrativas, sendo que a redução em despesas trabalhistas foi um dos destaques.
Impacto Financeiro e Credenciamento
O resultado financeiro líquido ficou em R$ 1,1 bilhão. Vale ressaltar que esse número não é comparável ao segundo trimestre de 2024, onde houve um efeito positivo de R$ 637 milhões relacionado à modificação na dívida. O CDI médio apresentou um aumento significativo, passando de 10,5% no segundo trimestre de 2024 para 14,5% no mesmo período de 2025, o que impactou negativamente a despesa financeira.
Embora a empresa tenha contabilizado os juros das dívidas financeiras no resultado, não houve desembolso de caixa com juros, devido ao período de carência estipulado em seus instrumentos financeiros.
Desempenho do Credenciamento e Lojas
O crediário continua sendo um diferencial competitivo para o Grupo Casas Bahia e representa uma peça-chave em seu planejamento de médio e longo prazo. A carteira de crédito atingiu R$ 6,2 bilhões, apresentando um crescimento de 11,3% em um ano. A taxa de inadimplência acima de 90 dias se manteve estável em 8,4%. Essa modalidade respondeu por 25% das vendas nas lojas físicas, 9% nos canais digitais e 17% do total consolidado.
No segundo trimestre, a empresa fechou 22 lojas — 9 da bandeira Casas Bahia e 13 da bandeira Pontofrio. Com isso, o total de lojas chegou a 1.043 ao final do período. A companhia continua avançando com seu Plano de Transformação, que inclui um monitoramento rigoroso do desempenho de cada loja e centro de distribuição, permitindo ações corretivas e fechamento de operações que não apresentem valor.
Aspectos do Mercado e Concorrência
O Grupo Casas Bahia está entre as maiores varejistas do Brasil, atuando no setor de eletrodomésticos, móveis, eletrônicos e utilidades, tanto em lojas físicas quanto no e-commerce. Dentre os principais concorrentes, destaca-se a Magazine Luiza (BOV:MGLU3).
Considerações Finais
O desempenho financeiro do Grupo Casas Bahia no segundo trimestre de 2025 reflete um cenário desafiador caracterizado por um prejuízo significativo. No entanto, ao mesmo tempo, a companhia conseguiu expandir sua receita e Ebitda, além de reduzir despesas operacionais. O foco na disciplina financeira e na melhoria das margens pode ser um indicativo de recuperação e fortalecimento em um ambiente de alta competitividade no varejo brasileiro.