Ataques ao Banco do Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (23) que o Banco do Brasil (BBAS3) tem sido alvo de ataques por parte de bolsonaristas nas redes sociais. Durante uma entrevista à TV GGN, Haddad explicou que “tem acontecido ataque ao BB por parte de bolsonaristas na rede social, defendendo saques de valores do banco”.
Críticas ao Congresso e Inadimplência
O ministro mencionou que há projetos de lei no Congresso que visam perdoar dívidas do setor agro, que, segundo ele, não enfrenta problemas no Banco do Brasil. Ele observou que a inadimplência na instituição tem aumentado devido a uma ação concertada de bolsonaristas. “O fair play deu lugar para o vale-tudo e isso compromete muito a saúde da democracia brasileira”, disse.
Haddad também criticou os juros bancários, caracterizando-os como um “abuso no crédito”. O BB tem enfrentado questionamentos sobre seus resultados financeiros; no balanço do segundo trimestre (2T25), reportou uma queda de 60% em seu lucro anual. Entre as frentes problemáticas estão os grandes produtores rurais do Centro-Oeste e do Sul, que impactaram negativamente o retorno sobre o patrimônio (ROE), que caiu para 8,4% de abril a junho.
Reação do Banco do Brasil
Na sexta-feira (22), o Banco do Brasil divulgou uma nota afirmando que tem monitorado o surgimento de “publicações inverídicas e maliciosas” nas redes sociais que visam gerar pânico e induzir decisões prejudiciais à saúde financeira dos clientes. A instituição garantiu que tomará todas as providências legais necessárias para proteger sua reputação e seus clientes.
O banco destaca que encontrou postagens sugerindo que clientes retirem seus depósitos. “Declarações enganosas ou inverídicas que tenham como objetivo prejudicar a imagem do Banco do Brasil não serão toleradas”, diz a nota.
Recomendações de Retirada
Na terça-feira (19), o advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Felipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, orientou publicamente nas redes sociais que as pessoas devem retirar seus recursos do banco. “Meu conselho a você que tem conta no Banco do Brasil: tire seu dinheiro de lá”, publicou na rede social X (antigo Twitter), mas a postagem foi removida no sábado (23). Em uma publicação anterior, Chiquini alertou que o Banco do Brasil está em uma “situação arriscada” que pode levar a sanções internacionais.
Críticas aos Juros Bancários
Haddad destacou a redução nas taxas de juros cobradas, mas enfatizou que os valores ainda são altos e demandam atenção. “Quando o juro cai de 7% para 3,5%, não há dúvida que há o que comemorar. Mas, anualizando, quanto trabalhador paga de juro? Compara com a inflação, compara com a Selic”, afirmou. O governo já está tomando ações para reduzir o spread, que é a diferença entre o custo do dinheiro para os bancos e o que é cobrado dos consumidores.
Ajuste Fiscal e Renúncias Fiscais
Na entrevista, Haddad defendeu que o ajuste fiscal promovido pelo governo Lula está focado no combate às renúncias fiscais, e não em elevar tributos. “Diminuir gasto tributário não é cobrar de quem não paga ou aumentar imposto. Não é nada disso. Simplesmente nos recusamos a manter a renúncia fiscal no patamar de 6% do PIB”, explicou. O ministro destacou o papel do Congresso na aprovação de medidas relevantes, apesar das resistências.
Cenário Político Atual
O ministro da Fazenda mencionou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu em 2022 um país com condições políticas diferentes das que foram encontradas em seu primeiro mandato, em 2002. Ele apontou que a oposição atual não apresenta um projeto claro para o futuro do Brasil. “Hoje a oposição bolsonarista não tem projeto para o país. O projeto deles é o país não andar, o país não evoluir”, disse Haddad, embora tenha ressaltado que não vê o Congresso Nacional como um obstáculo.
Oportunidades de Desenvolvimento
Haddad também abordou as oportunidades do Brasil na transformação ecológica e no avanço tecnológico. “Nós temos rigorosamente todas as vantagens competitivas. Temos o melhor vento, o melhor sol, a terceira maior reserva de terras raras e minerais críticos. É óbvio que isso vai exigir parceria, porque não temos toda a tecnologia disponível aqui”, afirmou. O ministro ressaltou a importância da criação de empresas nacionais de tecnologia, especialmente na área de processamento de dados, uma vez que atualmente 60% das informações brasileiras são processadas fora do país.