As atenções na agenda econômica desta quinta-feira (18) estão voltadas para a aprovação, na Câmara dos Deputados, da urgência para o texto que prevê a anistia aos condenados pelos atos golpistas ocorridos na quarta-feira (17) à noite. Essa decisão se segue à aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que também passou na Casa sob a presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB).
Outro destaque do dia é a participação do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em um evento sobre crédito consignado. De forma paralela, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) acaba de divulgar a sondagem industrial referente ao mês de agosto. Além disso, o Tesouro Nacional realizará leilões de Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e da Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
Nos EUA, serão publicados os números referentes a pedidos de auxílio-desemprego, enquanto o Tesouro divulga dados sobre o fluxo de capital referente ao mês de julho. Na Europa, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu manter a taxa de juros inalterada.
Ibovespa hoje: pontos de atenção nesta quinta-feira (18)
Fed reduz projeções de juros para 2025, 2026 e 2027
Na quarta-feira (17), o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou uma redução na taxa de juros do país em 0,25 ponto porcentual, agora estabelecida no intervalo entre 4% e 4,25% ao ano. Este movimento representa o primeiro ajuste para baixo em anos e era amplamente aguardado pelo mercado, que vinha monitorando o início do ciclo de aperto monetário desde março de 2022, quando os juros subiram de 0% ao ano para os níveis mais altos em duas décadas.
No dia seguinte ao anúncio do corte de juros, o mercado financeiro reagiu de maneira volátil, inicialmente com um crescimento nas ações, mas depois registrando uma devolução significativa de ganhos. Os investidores estavam atentos à decisão do Fed e ao discurso de seu presidente, Jerome Powell.
As declarações de Powell, que enfatizou que a continuidade do ciclo de corte de juros nos próximos meses ainda depende das tendências em dados de inflação e emprego nos EUA, foram interpretadas de forma mais hawkish, sugerindo uma postura mais conservadora quanto a taxas de juros mais altas, o que contornou um otimismo excessivo gerado pela redução dos juros americanos.
Otimismo nas bolsas globais após a decisão do Fed
No dia seguinte ao corte de juros promovido pelo Fed, houve um aumento nos futuros de Nova York e nas bolsas europeias, enquanto a performance do dólar mostrou sinais de volatilidade. O BoE, em sua reunião de política monetária, optou por manter sua principal taxa de juros em 4% ao ano, em um contexto de inflação elevada e baixo crescimento econômico no Reino Unido.
Na zona do euro, Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), indicou que a autoridade monetária pode não ter concluído ainda a sequência de cortes de juros iniciada em junho de 2024. Na semana anterior, o BCE já havia mantido os juros pelo segundo mês consecutivo.
Enquanto isso, Donald Trump, ex-presidente dos EUA, anunciou que designará o movimento Antifa, classificado como uma organização de esquerda, como uma organização terrorista, gerando preocupações sobre possíveis tentativas de censura à oposição política.
Copom mantém Selic em 15% em decisão unânime
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na quarta-feira, manter a Selic em 15% ao ano. Essa decisão já era esperada pelo mercado, que estava mais atento ao comunicado emitido pelo Banco Central, buscando possíveis indicações de antecipação no ciclo de afrouxamento monetário para o final de 2025.
O comitê destacou que o cenário atual demanda cautela no gerenciamento da Selic, afirmando que continuará vigilante para avaliar se a manutenção dos juros elevados é apropriada para garantir a convergência da inflação às metas estabelecidas.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, foi disponibilizado em comunicado oficial.
Lula lidera as intenções de voto para eleições de 2026
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o líder nas intenções de voto para as eleições de 2026.
O levantamento simulou oito arranjos diferentes de candidatos, e no primeiro turno, Lula aparece com 32% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PL), que tem 24%, e Ciro Gomes, com 11%. Em outras simulações, o candidato do PT oscila entre 32% e 43%, permanecendo à frente dos concorrentes.
Quando Michelle Bolsonaro substitui o nome de seu marido, Lula alcança 33%, enquanto a ex-primeira-dama tem 18%. Em um cenário envolvendo Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula registra 35% contra 17%. Já contra Eduardo Bolsonaro, a variação do presidente é de 32% a 43%, enquanto o deputado atinge entre 14% e 21%.
Em uma simulação de segundo turno contra Tarcísio, Lula registrou 43% das intenções de voto, enquanto o candidato paulista alcançou 35%. Esses índices são os mesmos da pesquisa realizada em agosto deste ano.
Foram entrevistados 2.004 eleitores em 120 municípios do Brasil, entre os dias 12 e 14 de setembro, com entrevistas realizadas de forma presencial e utilizando questionários estruturados. A margem de erro desse levantamento é de dois pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
Queda nas commodities e seu impacto nos ADRs de Vale e Petrobras
Os contratos futuros do petróleo enfrentam uma nova queda, ampliando as perdas do dia anterior, após a divulgação de dados mistos sobre estoques nos EUA. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para entrega em novembro estava em baixa de 0,52%, cotado a US$ 63,38. O barril do Brent, também referente a novembro, registrava uma queda de 0,46%, negociado a US$ 67,62.
Com relação às commodities, o minério de ferro na Dalian Commodity Exchange, na China, teve fechamento em baixa de 0,12% para janeiro de 2026, ficando cotado a 800 yuans por tonelada, equivalente a US$ 112,61.
Os American Depositary Receipts (ADRs), que permitem a investidores adquirir ações de empresas não americanas nos EUA, da Vale (VALE3) tinham alta de 1,10% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Por outro lado, os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) apresentavam uma leve queda de 0,08%.
Expectativas para o Ibovespa hoje
O cenário de cortes adicionais de juros nos EUA e a valorização das bolsas globais pode favorecer o Índice Bovespa nesta quinta-feira. No entanto, a queda dos preços das commodities traz um viés de baixa e a manutenção da Selic elevada pode pressionar as ações de bancos e do setor varejista.
O EWZ, principal fundo de índice (ETF) brasileiro negociado em Nova York, operava em alta de 0,71% no pré-mercado. A curva de juros também se ajusta ao tom conservador do Copom, com o mercado monitorando de perto a movimentação do Congresso sobre a anistia.
Esses fatores, entre outros dados do dia, estarão no radar dos investidores e podem influenciar as negociações na bolsa de valores brasileira, impactando diretamente o Ibovespa nesta quinta-feira.