IPCA encolhe no Brasil, mas é culpa do Copom ou da variação cambial?

IPCA encolhe no Brasil, mas é culpa do Copom ou da variação cambial?

by Fernanda Lima
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Doze quedas seguidas. Esse é o registro do IPCA projetado pelo Focus de 15/08/2025, revelado ontem, que caiu para 4,95% ao final deste ano.

Um dado que gera interesse: essa mudança é resultado da política monetária, com juros a 15%, ou há outros fatores que explicam essa desaceleração?

Política Monetária

O Banco Central cumpriu seu papel: desde setembro de 2024, foram realizadas sete altas consecutivas da SELIC: 0,25%, 0,5% (três vezes), 1%, 0,5% e 0,25%, até se estabilizar nos atuais 15%. Os efeitos desse remédio amargo, no entanto, costumam se manifestar entre 6 e 18 meses.

Restam três reuniões até o mês de dezembro (19/09, 05/11 e 10/12). O Copom afirma que “seguirá vigilante” e “não hesitará em continuar o ciclo de ajuste, caso considere apropriado”. Contudo, a inflação já apresenta uma recuo antes do esperado.

O Enigma do IGP-M

Mais surpreendente que o IPCA é a previsão do IGP-M: apenas 1,13% para 2025, representando a 14ª queda consecutiva.

Composto por 60% de preços no atacado (IPA), 30% de preços ao consumidor (IPC) e 10% de construção (INCC), o índice é volátil e está sujeito a variações nos preços das commodities e no dólar, além de costumeiramente antecipar movimentos do IPCA. Sua diminuição reflete menos esforços internos e mais influências externas.

Linha do Tempo da Divergência

Os números recentes acentuam ainda mais a discrepância:

Desde janeiro de 2024, enquanto o IPCA permaneceu relativamente estável, oscilando entre 3,7% e 5,5%, o IGP-M apresentou um aumento até março, seguido de uma queda significativa para metade do nível anterior em apenas quatro meses.

Essa virada no atacado normalmente chega ao varejo com um intervalo de tempo, abrindo espaço para a desaceleração do IPCA no segundo semestre.

O Câmbio como Protagonista

Aqui encontra-se o “segredo” que pode ajudar a explicar a inflação mais controlada.

  • O dólar diminuiu de R$ 6,1840 para R$ 5,4368 no ano: -12,04%.
  • O DXY, índice que mede a força da moeda americana globalmente, recuou de 109,209 para 98,017: -10,25%.

Assim, o real não se valorizou por conta de méritos internos, mas sim se beneficiou da redução global do dólar.

Essa apreciação reduziu os preços de importados, combustíveis e até alimentos, com impacto direto no IPCA.

Energia e Serviços Ainda Pesam

Apesar do alívio externo, a melhora não é geral.

A energia elétrica, pressionada por ajustes e bandeiras tarifárias, continua a ser uma preocupação. O mesmo se aplica aos serviços, que estão mais indexados ao mercado de trabalho e à inércia inflacionária interna.

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