Análise de Jim Cramer Sobre um Potencial Shutdown do Governo
Jim Cramer, da CNBC, abordou na última segunda-feira as implicações que um possível shutdown do governo pode ter sobre o mercado financeiro. Ele destacou que, com base no histórico de reações do mercado a shutdowns anteriores, não espera que esse evento tenha um grande impacto. No entanto, Cramer expressou preocupação com a possibilidade de que a paralisação possa atrasar a divulgação de dados econômicos essenciais, os quais são fundamentais para as decisões do Federal Reserve em relação às taxas de juros.
Perspectivas do Mercado em Caso de Shutdown
“Sobre a questão dos shutdowns governamentais, minha mensagem é clara: mantenha a calma e siga em frente, pois o mercado de ações tende a se sair bem em tais situações”, afirmou Cramer.
Atualmente, os mercados de previsões estão avaliando a probabilidade de cerca de 70% de que o governo federal entre em shutdown na quarta-feira, uma vez que os membros do Congresso não conseguiram chegar a um consenso sobre um projeto intermediário que garanta a continuidade das operações além da terça-feira. Os democratas estão firmes em suas exigências para que o projeto inclua medidas que protejam os subsídios do Obamacare, enquanto os republicanos insistem que esse debate deve ser adiado até que um shutdown seja evitado.
Histórico e Reações do Mercado
Cramer reconheceu que a possibilidade de um shutdown pode ser preocupante, considerando que este seria o primeiro shutdown completo desde 2013. Contudo, ele observou que o mercado, em algumas ocasiões, registrou alta após dois dos últimos três shutdowns, o que sugere que não há uma tendência clara sobre como as ações se comportam quando o governo interrompe suas operações. Esta análise é apoiada por pesquisas realizadas por analistas do Bank of America.
O apresentador também sublinhou a importância de diferenciar um shutdown de um default no teto da dívida, já que este último poderia comprometer os pagamentos de juros sobre os Títulos do Tesouro dos EUA. Cramer ressaltou que os legisladores recentemente aumentaram o teto da dívida, o que garante que, mesmo diante de um shutdown, os Estados Unidos conseguirão honrar seus compromissos com os credores.
Consequências para os Trabalhadores e a Economia
Apesar da resiliência do mercado de ações em face de uma interrupção das atividades governamentais não essenciais, Cramer observou que um shutdown iria causar sérios danos aos trabalhadores federais que seriam colocados em licença. Analistas de vários dos principais bancos projetaram que a paralisação poderia deixar entre 800 mil e 900 mil pessoas temporariamente sem emprego. O Bank of America estimou que cada semana de shutdown poderia remover 10 pontos base do crescimento do PIB, enquanto o Goldman Sachs previu uma redução de 15 pontos e o Deutsche Bank sugeriu uma diminuição de 20 pontos.
Conforme destacado por Cramer, esses números indicam que um número significativo de cidadãos americanos ficará sem receber seus salários e, como resultado, não estarão propensos a consumir. Embora um shutdown de uma semana possa não ter um impacto grande, Cramer alertou que se a paralisação se estender por três ou quatro semanas, a economia mais ampla pode sofrer um golpe significativo.
Atrasos na Divulgações de Dados Econômicos
Cramer também expressou certa apreensão quanto ao fato de que um shutdown pode atrasar a divulgação de dados econômicos vitais, o que reduziria a capacidade tanto dos investidores quanto do Federal Reserve de avaliar a situação da inflação e do mercado de trabalho. Esse atraso pode não parecer alarmante à primeira vista, mas, segundo Cramer, o banco central precisa dessas informações para decidir se deve ou não cortar as taxas de juros. Apesar de Wall Street esperar um novo corte, Cramer sugeriu que o Federal Reserve pode ser mais hesitante em agir sem informações adequadas. No entanto, ele também observou que o banco pode ainda assim decidir por um corte, visto que um shutdown é negativo para a economia como um todo.
“Eu não me preocupo com a maioria dessas questões. Meu maior receio é que um shutdown atrase a coleta de dados econômicos importantes, dificultando a vida do Federal Reserve e potencialmente adiando seus planos de cortar as taxas de juros”, declarou. “Ainda acho que isso é uma possibilidade remota. Contudo, se a maior preocupação em relação a um shutdown é o atraso na coleta de dados, isso não é um motivo para se alarmar.”
Fonte: www.cnbc.com