Queda dos Juros Futuros na B3
Com a curva de juros em declínio e um cenário político-fiscal ainda incerto, os próximos dias se mostram decisivos para o futuro dos ativos locais. Os juros futuros negociados na B3 encerraram esta segunda-feira (25/08) em queda, seguindo a revisão para baixo das expectativas de inflação no Boletim Focus, em contraste com o aumento dos yields dos Treasuries nos Estados Unidos. Os principais contratos chegaram a recuar até 8 pontos-base ao longo da curva.
No fechamento, o DI para janeiro de 2026 (DI1F26) caiu para 14,885%, leve baixa de 0,07%. O DI para janeiro de 2027 (DI1F27) encerrou a 13,90%, queda de 0,39%. O DI para janeiro de 2028 (DI1F28) recuou 0,60%, alcançando 13,215%. Nos vértices mais longos, o DI para janeiro de 2030 (DI1F30) fechou em 13,37%, baixa de 0,82%. O DI para janeiro de 2035 (DI1F35) terminou cotado a 13,795%, redução de 0,40%.
Resumo dos DIs na B3
- DI1F26 (Jan/26): 14,885% (-0,07%)
- DI1F27 (Jan/27): 13,90% (-0,39%)
- DI1F28 (Jan/28): 13,215% (-0,60%)
- DI1F29 (Jan/29): 13,19% (-0,68%)
- DI1F30 (Jan/30): 13,37% (-0,82%)
- DI1F31 (Jan/31): 13,55% (-0,66%)
- DI1F32 (Jan/32): 13,69% (-0,65%)
- DI1F33 (Jan/33): 13,74% (-0,58%)
- DI1F34 (Jan/34): 13,765% (-0,47%)
- DI1F35 (Jan/35): 13,795% (-0,40%)
Focus Revisa Projeções de Inflação para Baixo
O alívio na curva de juros foi sustentado pela nova rodada do Boletim Focus, que registrou a 13ª queda consecutiva na projeção de inflação para 2025, reduzindo de 4,95% para 4,86%. Para 2026, a mediana caiu pela sexta semana consecutiva, passando de 4,40% para 4,33%. Para 2027, após 26 semanas de estabilidade, a projeção caiu de 4,0% para 3,97%.
Apesar da melhora, as estimativas permanecem acima da meta oficial de 3% estabelecida pelo Banco Central, o que gera incertezas sobre até onde a Selic pode ser reduzida nos próximos trimestres.
Avaliação de Economistas
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, afirma que a tendência de desaceleração da inflação cria espaço para discussões sobre cortes adicionais na Selic, mas a continuidade dessa trajetória depende da condução fiscal. “A divulgação da PLOA 2026 será crucial para o mercado compreender como o governo planeja gerenciar os gastos no próximo ano. Sem credibilidade fiscal, a margem para flexibilização monetária continua restrita”, destacou.
PLOA 2026 e o Desafio Fiscal
O governo se apressa para entregar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2026 ao Congresso até o próximo domingo. A equipe econômica ainda aguarda a aprovação de medidas como a MP 1.303/2025, que compensa perdas com o IOF, e o projeto que propõe um corte de 10% nos benefícios fiscais.
Receitas extraordinárias de leilões de petróleo, dividendos de estatais, transações tributárias e aumento do IOF já são consideradas, mas analistas apontam que a credibilidade do plano será fundamental para a reação dos mercados.
Política no Radar: Eleições de 2026
No cenário político, investidores observaram uma nova pesquisa do Paraná Pesquisas, que indicou o presidente Lula tecnicamente empatado com Tarcísio de Freitas em um possível segundo turno de 2026 (41,9% cada). Em uma eventual disputa contra Bolsonaro, o ex-presidente teria 44,4%, diante de 41,5% de Lula.
Reportagens de O Globo e O Estado de S. Paulo destacam que o Centrão pode apoiar Tarcísio à presidência, embora o governador de São Paulo tenha negado interesse de disputar o Planalto.
Contraste com o Exterior
Enquanto os juros recuaram no Brasil, os Treasuries americanos avançaram após discursos de dirigentes do Federal Reserve, reforçando as apostas de que os cortes de juros nos EUA podem ser mais lentos. Esse movimento indica que a queda da curva local foi impulsionada por fatores internos, especialmente a revisão do Boletim Focus.
