Lucro Recorrente do Bradesco
O Bradesco (BBDC4) divulgou seu lucro recorrente para o terceiro trimestre de 2025, que totalizou R$ 6,2 bilhões, representando um crescimento de 18,8% em comparação ao mesmo período do último ano. Essa informação foi confirmada em um documento enviado ao mercado nesta quarta-feira, dia 29.
O resultado ficou em linha com as expectativas do consenso do Bloomberg, que previa um lucro de R$ 6,1 bilhões para o período.
Após uma fase negativa, marcada por uma rentabilidade que ficou abaixo de seus concorrentes e índices de qualidade, incluindo um aumento preocupante na inadimplência, o Bradesco está trabalhando para reverter a situação.
Atualmente, a prioridade do banco é a melhoria na qualidade dos ativos, mesmo que isso resulte em um crescimento mais lento do crédito ao longo de 2025.
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Segundo o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, o foco é um crescimento gradual e controlado.
Essa abordagem parece estar funcionando, visto que, em termos de valorização, as ações da BBDC acumularam um salto de 60% até o momento, recuperando a confiança de analistas e investidores.
O Bradesco é o segundo banco a apresentar seus resultados, após o Santander Brasil (SANB11), que reportou um lucro de R$ 4 bilhões.
Rentabilidade e ROE
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) do Bradesco mostrou evolução, apresentando um aumento de 2,3 pontos percentuais no ano e 0,1 ponto percentual no trimestre, totalizando 14,7%. A média das estimativas de quatro analistas consultados pelo Money Times aguardava um ROE de 14,85%.
Apesar da melhora, o banco ainda não conseguiu ultrapassar a rentabilidade de seu concorrente espanhol, que finalizou o período com um ROE de 17%.
Segundo Noronha, a nova safra de crédito possui uma qualidade satisfatória e o Bradesco continua progredindo com cautela. A inadimplência da instituição permanece sob controle. “A qualidade dos nossos ativos é inegociável”, reafirma o executivo.
No contexto do Ibovespa, as ações do BBDC foram destaque com uma valorização superior a 3%. No entanto, no after market de Nova York, as ações sofreram uma queda de 4,82%.
Aumento da Carteira de Crédito
Apesar do cenário econômico morno — com o PIB (Produto Interno Bruto) apresentando um crescimento modesto de apenas 0,4% no trimestre, após um avanço de 1,3% no trimestre anterior — o Bradesco conseguiu expandir sua carteira de crédito.
A instituição observou um crescimento de 9,6% na carteira de crédito no trimestre e de 1,6% em relação ao ano passado, totalizando R$ 1 trilhão, com crescimento de 13,8% na carteira de pessoas físicas e 6,5% na carteira de pessoas jurídicas (empresas).
Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelos segmentos de micro, pequenas e médias empresas (MPME) e por pessoas físicas.
Entretanto, o Bradesco aumentou suas provisões para devedores duvidosos (PDD) em 20% no ano e 5,1% no trimestre, totalizando R$ 8,5 bilhões. Esse aumento também foi observado no Santander, o que pode indicar uma postura mais cautelosa por parte dos bancos em um cenário de aumento de juros.
De acordo com o Bradesco, o incremento nas despesas no trimestre está relacionado, em grande parte, a operações específicas no segmento atacadista.
As despesas relacionadas ao PDD refletiram o crescimento da carteira, a eficiência do processo de cobrança e a melhoria na qualidade da mesma, evidenciada pela diminuição do custo do crédito no trimestre, que caiu em 0,1 ponto percentual.
Ainda assim, a inadimplência foi mantida em níveis controlados. O índice de inadimplência acima de 90 dias se manteve estável durante o trimestre, com uma redução de 0,1 ponto percentual em relação aos 12 meses anteriores, chegando a 5,4% em setembro.
Assim, o Bradesco conseguiu expandir sua carteira sem comprometer a capacidade de pagamento de seus clientes.
Margens e Receitas
As receitas totais do banco alcançaram R$ 35,0 bilhões no trimestre, representando um aumento de 3% em comparação ao trimestre anterior e de 13,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As receitas de prestação de serviços apresentaram um crescimento de 2,8% no trimestre e de 6,9% no ano, totalizando R$ 10,5 bilhões.
Os principais destaques positivos no período foram as receitas obtidas com consórcios, cartões, operações de crédito e administração de fundos.
O Bradesco reportou um desempenho robusto em todas as linhas de negócio, incluindo margem financeira total, receitas com serviços e seguros.
A margem financeira somou R$ 18,7 bilhões no trimestre, com um crescimento de 3,7% em relação ao trimestre anterior e de 16,9% quando comparado ao ano passado.
A margem com clientes atingiu R$ 18,6 bilhões, apresentando uma alta de 4,8% no trimestre e 19,0% na comparação anual, reflexo principalmente do aumento na carteira de crédito e do spread médio.
Por outro lado, a margem com mercado registrou R$ 99 milhões, evidenciando uma redução de 65% em relação ao trimestre anterior e de 72% em comparação ao mesmo período do ano passado.
As despesas operacionais totalizaram R$ 16 bilhões, com um aumento de 3,7% na comparação trimestral e de 9,6% em relação ao ano anterior, atendendo às expectativas do mercado.
Esse crescimento é atribuível, em grande medida, aos investimentos realizados pelo banco e por suas coligadas.
“Estamos cientes de que a nossa rentabilidade poderia aumentar mais rapidamente se decidíssemos cortar os investimentos, mas optamos por priorizar a nossa competitividade a longo prazo”, declarou Noronha.
Desde o início de sua estratégia, o banco contratou milhares de profissionais na área de tecnologia.
“Estamos obtendo ganhos em produtividade, mas ainda fazendo investimentos significativos. Os resultados em eficiência se tornarão mais visíveis a cada exercício”, concluiu Noronha.
Projeções e Expectations
No que diz respeito às projeções, a carteira de crédito expandida cresceu 9,6% em relação ao mesmo período de 2024, superando a faixa projetada de 4% a 8%.
A margem financeira líquida, que é calculada pela margem financeira total menos a despesa de provisão para devedores duvidosos (PDD expandida), foi de R$ 29,6 bilhões, dentro do intervalo esperado de R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões no ano.
As receitas de prestação de serviços tiveram um avanço de 9,2%, ligeiramente acima do intervalo projetado de 5% a 9%. As despesas operacionais, que incluem gastos com pessoal, administrativas e outras, aumentaram 10,5%, um pouco acima da faixa projetada de 5% a 9% para o período.
Por fim, o resultado das operações de seguros, previdência e capitalização destacou-se com um crescimento de 21,7%, bem acima da estimativa de 9% a 13%, impulsionado pela expansão das carteiras e melhoria nas margens.
Segue a tabela abaixo com os principais indicadores:
| Indicador | Guidance 2025 | Resultado Realizado 9M25 |
|---|---|---|
| Carteira de Crédito Expandida | 4% a 8% | 9,6% |
| Margem Financeira Líquida (Margem Financeira Total – Despesa de PDD Expandida) | R$ 37 bi a R$ 41 bi | R$ 29,6 bi |
| Receitas de Prestação de Serviços | 5% a 9% | 9,2% |
| Despesas Operacionais (Pessoal + Administrativas + Outras) | 5% a 9% | 10,5% |
| Resultado das Operações de Seguros, Previdência e Capitalização | 9% a 13% | 21,7% |
Fonte: www.moneytimes.com.br
