Saída de Mulheres do Mercado de Trabalho nos EUA
Tendência Preocupante
Uma tendência alarmante está surgindo no mercado de trabalho dos Estados Unidos: as mulheres estão se afastando da força de trabalho em níveis considerados históricos.
Dados Recentes
Estimativas indicam que cerca de 455.000 mulheres deixaram o mercado de trabalho entre janeiro e agosto deste ano, em um período em que a força de trabalho como um todo permaneceu relativamente estável, segundo dados do Bureau of Labor Statistics (BLS). Apenas durante a pandemia ocorreu um êxodo maior neste intervalo, de acordo com registros do BLS que remontam a 1948.
Impacto Econômico
Os economistas estão expressando sua preocupação: as perdas, se continuarem, podem não apenas apagar os ganhos históricos alcançados pelas mulheres nos últimos anos, mas também ameaçar o crescimento econômico dos Estados Unidos. Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, enfatizou que “isso está diminuindo tanto o crescimento atual quanto o potencial da economia”. Ela salientou a importância de ter o maior número possível de indivíduos participando, enfatizando que "não se trata de um jogo de soma zero. Não é homens contra mulheres. Precisamos de todos. Precisamos de todas as mãos na tarefa”.
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🌎 Abrir minha conta NomadParticipação das Mulheres no Mercado de Trabalho
Nos anos que antecederam a pandemia, a taxa de participação no mercado de trabalho das mulheres na faixa etária primária de trabalho (25 a 54 anos) cresceu mais rapidamente do que a de seus homólogos masculinos. As razões por trás dessa mudança incluem o crescimento de indústrias como saúde e cuidados, predominantemente femininas, um aumento significativo na educação das mulheres e uma maior inserção em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como construção, agricultura e manutenção.
Efeitos da Pandemia
A pandemia resultou na perda de empregos para 21,9 milhões de pessoas, sendo 55% desse total composto por mulheres. A taxa de participação das mulheres na faixa etária primária caiu mais de 3 pontos percentuais, atingindo 73,5% em um único mês — um movimento que é considerado significativo, uma vez que a taxa normalmente varia apenas modestamente ao longo de anos. Contudo, à medida que a economia começou a se recuperar nos meses seguintes, o retorno das mulheres foi lento, a tal ponto que o período foi designado como “she-cession”, devido aos altos índices de desemprego e piores resultados de emprego para mulheres em comparação aos homens.
Desafios Persistentes
O setor de serviços, que emprega predominantemente mulheres, foi severamente afetado pela pandemia. Com o aumento dos custos e a escassez de trabalhadores no setor de cuidados infantis, muitas mães enfrentaram dificuldades para retornar ao trabalho. Além disso, as mulheres frequentemente assumem responsabilidades familiares, o que as levou a cuidar de pais e parentes idosos durante a crise.
A Recuperação e os Números Recentes
“Após a pandemia, finalmente vimos as mulheres retornarem em massa, e isso se deveu, em parte, a arranjos de trabalho híbridos e home office, que possibilitaram que as mulheres retornassem ao mercado de trabalho,” afirmou Swonk. No entanto, a taxa de participação das mulheres na faixa etária primária atingiu um recorde histórico de 78,4% no ano passado, mas, nos meses mais recentes, tem se mantido em torno de 77,7%.
Questões Estruturais
A queda na participação das mulheres no mercado de trabalho é consequência de múltiplos fatores, sendo que muitos são de natureza sistêmica. Um dos grandes problemas é o aumento dos custos de cuidados infantis e educação precoce. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriram que alguns operadores desse setor enfrentam “graves dificuldades financeiras”. A falta de financiamento e os baixos salários contribuíram para a escassez de trabalhadores, situações que se tornaram mais desafiadoras devido à redução da imigração e a existência de “desertos de cuidados infantis”. Assim, o ônus financeiro recaiu sobre as famílias, que muitas vezes consideram os custos exorbitantes.
Saída de Mulheres com Filhos Pequenos
Segundo Swonk, “as mulheres com filhos menores de cinco anos estão liderando o êxodo da força de trabalho; e isso é importante, porque o que vemos é que mulheres com diploma universitário ou superior e que têm filhos nessa faixa etária estão saindo em um ritmo mais de duas vezes superior a qualquer outro grupo.” Ela acrescentou que muitas trabalhadoras altamente qualificadas e bem treinadas estão atualmente se afastando do mercado de trabalho.
Custos para os Negócios
As interrupções provocadas pela falta de cuidados infantis acarretam um custo financeiro significativo para as empresas. Além disso, quando as mulheres se afastam do mercado de trabalho, não apenas suas receitas de longo prazo são afetadas, mas os impactos financeiros negativos podem ser geracionais.
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🌎 Abrir minha conta NomadConsequências a Longo Prazo
“As mulheres que são provedoras para suas famílias geralmente proporcionam condições melhores para seus filhos; portanto, o que preocupa é a cicatrização a longo prazo devido à perda de recursos para as crianças”, concluiu Swonk.
Questões Políticas e Setoriais
Outros fatores que contribuem para a saída de mulheres do mercado incluem mudanças nas políticas de trabalho, como mandatos para retorno ao escritório, que eliminaram a flexibilidade para alguns funcionários, e a ascensão da inteligência artificial, que unida a um mercado de trabalho lento, pressionou indústrias de serviços.
Swonk também destacou que a segunda maior grupo que está se afastando da força de trabalho é composta por mulheres negras. “Quando a economia se enfraquece, grupos marginalizados tendem a ser impactados de maneira mais intensa”, afirmou.
Além disso, mudanças nas políticas federais, como as ações do presidente Donald Trump, que cortaram o número de empregos no setor público — onde muitas mulheres, especialmente as negras, estão empregadas — e desfizeram iniciativas de equidade e inclusão, também são fatores relevantes.
Respostas do Governo
A Casa Branca, em resposta a consultas da CNN, destacou esforços recentes para apoiar as mulheres, como a criação de contas de investimento para recém-nascidos e o aumento do Crédito Fiscal Infantil, do Crédito de Cuidado Infantil Fornecido pelo Empregador e do Plano de Assistência ao Cuidador Dependente.
Uma porta-voz da Casa Branca afirmou que “o presidente Trump tem um histórico comprovado de construção de uma economia que beneficia todos os americanos, incluindo as mulheres, e está implementando a mesma agenda econômica que produziu taxas de desemprego historicamente baixas em seu primeiro mandato”.
Experiências de Mulheres Saindo do Mercado
As experiências das mulheres que deixaram a força de trabalho este ano são bastante diversas. Algumas decisões foram fáceis, como em casos onde os ambientes de trabalho se tornaram discriminatórios, tóxicos ou inflexíveis, enquanto questões de vida, saúde ou familiares se provaram mais importantes.
Uma executiva que possui dois filhos pequenos sentiu o peso ao tentar conciliar a vida pessoal e as responsabilidades em sua posição de liderança. Uma ex-advogada militar e funcionária federal não pôde recusar uma nova oferta de trabalho devido à piora da condição de saúde de seu pai.
Outras decisões não foram simples. Por exemplo, uma recém-mãe abandonou um trabalho que amava porque o custo do cuidado infantil para três dias por semana superava sua hipoteca mensal.
Reflexões Finais
“Deixei tudo o que tinha naquele trabalho; dei tudo de mim, e sinto que sou a mais experiente e competente que já fui,” disse Katharine Ransom-DiCerbo, de 35 anos, que deixou seu cargo em uma organização sem fins lucrativos no início deste ano. “Mas minha saúde mental e física deteriorou-se a ponto de não conseguir voltar.” Ela acrescentou que “talvez tenhamos sido colocadas em situações onde as demandas do trabalho se tornaram tão grandes que não conseguimos cuidar de nós mesmas, nossas famílias ou crescer nossas famílias.”
Fonte: www.cnn.com
