Desempenho da Natura
A administração da Natura (NATU3) demonstra uma mentalidade estratégica adequada para abordar questões estruturais da empresa, embora o cenário de curto prazo continue a apresentar desafios, conforme análise do Bradesco BBI, divulgada pela Ágora Investimentos nesta semana.
Alienação da Avon Internacional
O banco expressou confiança na resolução da alienação da Avon Internacional, mas alertou para riscos associados à desaceleração da operação brasileira, que representa cerca de 60% das vendas. Também foram mencionadas as normalizações da Onda 2 no México e na Argentina.
No cenário base do Bradesco BBI, a descontinuação total da Avon Internacional acarretaria uma penalidade de R$ 1,2 bilhão no primeiro ano, alinhada aos US$ 230 milhões estimados publicamente. Considerando que US$ 30 milhões já foram gastos, o custo remanescente da alienação seria em torno de US$ 200 milhões, elevando a relação dívida líquida/Ebitda final da Natura para aproximadamente 2,3 vezes.
O banco mantém a perspectiva de que o valor potencial a ser desbloqueado justifica a recomendação de compra, desde que o balanço consolidado e o fluxo de caixa estejam alinhados aos números da Natura Cosméticos, condição essencial para uma eventual reclassificação estrutural dos múltiplos. O preço-alvo é de R$ 17.
Natura no Brasil
O Bradesco BBI observou que a unidade de negócios da Natura no Brasil apresentou uma desaceleração nas vendas desde junho, após um crescimento de dois dígitos entre março e maio. Dados de terceiros indicam uma queda anual de 0% a 1% em junho, com uma leve melhora em julho, apresentando um crescimento estável de um dígito baixo.
De acordo com o banco, a marca Natura continua a ganhar participação de mercado, com um crescimento estimado entre 2% e 3% no terceiro trimestre de 2025, em comparação a 10,4% no segundo trimestre de 2025.
A desaceleração afetou especialmente os segmentos de beleza e fragrâncias, enquanto a categoria de cuidados pessoais mostrou maior resiliência. Em contrapartida, a marca Avon experimenta perda de participação de mercado.
O Bradesco BBI destaca a crescente importância dos canais de vendas não diretos, que passaram de 10% das vendas da Natura no segundo trimestre de 2024 para 13% no segundo trimestre de 2025, o que ajuda a compensar parcialmente a pressão econômica sobre o modelo de vendas diretas mais consolidado.
Mercados hispânicos e Onda 2
Fora do Brasil, o Bradesco BBI observou que a dinâmica varia por região. No México, que representa 10% das vendas da Natura, há sinais de tensão no varejo e no consumo. A implementação da Onda 2 da Natura introduz volatilidade de curto prazo, como visto no segundo trimestre de 2025 e que deve persistir, em menor grau, no terceiro trimestre de 2025.
De acordo com o banco, melhorias operacionais e uma baixa participação de mercado podem ajudar a superar os desafios macroeconômicos no futuro.
Na Argentina, que corresponde a 15% das vendas da Natura, o Bradesco BBI nota um cenário macroeconômico mais favorável, embora a desvalorização cambial continue a representar um risco para os resultados consolidados.