Prêmio Nobel de Física 2025
O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi concedido ao britânico John Clarke, ao francês Michel H. Devoret e ao americano John M. Martinis. O anúncio foi feito pela Academia Real das Ciências da Suécia em Estocolmo, nesta terça-feira, 7 de outubro. A premiação reconhece os pesquisadores por suas descobertas relacionadas ao tunelamento mecânico quântico macroscópico e à quantização de energia em circuitos elétricos.
Experimentos e Descobertas
Os laureados realizaram experimentos em um circuito elétrico que demonstraram tanto o tunelamento quântico quanto os níveis de energia quantizados em um sistema que pode ser segurado na palma da mão. Todos os três cientistas estão associados a instituições de ensino superior nos Estados Unidos e dividirão igualmente o valor do prêmio, que corresponde a 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a aproximadamente R$ 6,2 milhões.
A Ausência de Stephen Hawking
Entretanto, entre as inúmeras partículas detectadas e as teorias confirmadas, uma ausência se destaca e gera discussões: Stephen Hawking, o físico que decifrou complexidades do universo sem a capacidade de se mover.
O Homem que Desafiou o Tempo
Antes de se tornar um símbolo de genialidade, Stephen Hawking era um menino curioso, nascido em 1942, em Oxford. Seu nascimento ocorreu exatamente 300 anos após a morte de Galileu Galilei. Filho de médicos, ele cresceu entre livros e experimentos improvisados. Optou por estudar física em Oxford — não por vocação divina, mas, segundo suas próprias palavras, pela preguiça de redigir longos ensaios. Durante seu tempo acadêmico, ele se dedicou ao seu passatempo favorito: explorar o infinito por meio de equações.
No período em que estudou em Cambridge, onde recebeu o apelido de “Einstein”, enfrentou um golpe severo do destino. Aos 21 anos, foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma condição que, segundo os médicos, lhe daria apenas dois anos de vida. Contudo, Hawking desafiou as expectativas e viveu mais de cinco décadas após o diagnóstico.
Utilizando uma cadeira de rodas e um sintetizador de voz controlado por um músculo da bochecha, Hawking revolucionou a física moderna e reconfigurou a percepção da humanidade sobre os próprios limites.
Do Big Bang aos Buracos Negros
Durante a década de 1970, em colaboração com Roger Penrose, Hawking provou que o Big Bang e os buracos negros estão sujeitos às mesmas leis da gravidade, desafiando as percepções tradicionais de tempo e espaço que colapsam em pontos extremos.
Em seguida, apresentou sua teoria mais renomada: os buracos negros não são eternos, pois emitem partículas e se evaporam lentamente — um fenômeno que foi denominado radiação de Hawking. Embora a teoria apresentasse um elo poético entre a física e o universo, faltavam evidências observacionais para sustentá-la. A ausência dessas provas é um obstáculo que impede Hawking de ter sido laureado com o prêmio Nobel, já que, como é amplamente despendido, sem provas concretas, não é possível conquistar essa honraria. Curiosamente, Albert Einstein também não recebeu o prêmio Nobel por sua Teoria da Relatividade, mas sim por seu trabalho sobre o efeito fotoelétrico, que era mensurável em laboratório.
Do Quadro-Negro ao Tapete Vermelho
Ainda que o Nobel não tenha sido um reconhecimento em sua trajetória, a fama de Hawking cresceu a passos largos. Em 1988, ele lançou “Uma Breve História do Tempo”, uma obra que vendeu mais de 25 milhões de cópias, popularizando o conceito de buracos negros nas livrarias em todo o mundo.
Além de sua contribuição literária, o físico fez diversas aparições na cultura pop, incluindo programas como Os Simpsons, Star Trek e The Big Bang Theory. Ele também teve seu legado retratado no filme “A Teoria de Tudo” (2014), que rendeu um Oscar a Eddie Redmayne pela interpretação de Hawking.
Hawking foi agraciado com quase todos os prêmios científicos de prestígio, como o Wolf, o Copley e o Albert Einstein, mas, embora tenha alcançado o ápice da ciência, o Nobel ainda lhe escapou. Sua vida chegou ao fim em 14 de março de 2018, aos 76 anos. Curiosamente, essa data marca o aniversário de 139 anos do nascimento de Albert Einstein, como se o tempo houvesse escolhido uma maneira simbólica de encerrar o ciclo de dois dos maiores gênios da física moderna.
Fonte: www.moneytimes.com.br