J&F Compra Participação na Eletronuclear
Em mais uma transação envolvendo a Eletrobras (ELET3), a J&F, companhia dos irmãos Wesley e Joesley Batista, adquiriu uma participação significativa na Eletronuclear, a empresa encarregada do Complexo Nuclear de Angra dos Reis, localizado no estado do Rio de Janeiro.
Detalhes da Aquisição
Por meio da Âmbar Energia, uma subsidiária da J&F focada no setor elétrico, a empresa passará a controlar 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear, que permanecerá sob a supervisão do governo através da ENBPar.
A venda proporciona benefícios para a Eletrobras, que consegue encaminhar um ativo do qual já desejava se desfazer, além de reduzir a percepção de risco entre investidores. Em contrapartida, a J&F vê uma oportunidade ao entrar no mercado de energia nuclear.
“Com a participação na Eletronuclear, a Âmbar se torna o único player privado com presença nesse segmento,” afirmou Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia, em declaração ao Money Times.
Operação da Eletronuclear
A Eletronuclear é responsável pela operação de três usinas nucleares: Angra 1, com capacidade instalada de 640 megawatts; Angra 2, que possui 1.350 MW; e o projeto em andamento de Angra 3, que terá capacidade de 1.405 MW.
Transformação Energética
Marcelo Zanatta também destacou que o mundo está em um processo de transformação energética, impulsionado por fatores como a digitalização e o crescimento de data centers e inteligência artificial. Esses fatores demandam fontes de energia firmes e estáveis. Segundo ele, a energia nuclear é uma resposta eficaz a esse desafio, pois assegura a segurança energética e colabora para a redução das emissões de gases poluentes.
Aspectos Financeiros e Regulatórios
É importante ressaltar que a transação ainda aguarda a aprovação das autoridades reguladoras pertinentes.
As duas usinas em operação possuem contratos de longo prazo, assegurando receitas contínuas para a Âmbar. A usina Angra 1 mantém contrato até 2044, enquanto Angra 2 tem um acordo válido até 2040.
“A participação na Eletronuclear nos assegura um fluxo estável de receitas, com energia gerada próxima aos maiores centros de consumo do país,” afirmou o CEO da Âmbar.
No ano de 2024, a Eletronuclear reportou uma receita líquida de R$ 4,7 bilhões, além de um lucro líquido de R$ 545 milhões.
Benefícios Para a Eletrobras
O Bradesco BBI, após conversas com a Eletrobras, confirmou que a transação está sendo realizada como uma operação de “porteira fechada.” Isso significa que a Eletrobras não terá mais obrigações futuras relacionadas a esse ativo, assumidas pela nova proprietária.
Essas condições permitem que a Eletrobras fique isenta de injetar R$ 2,4 bilhões em debêntures, além de não precisar fornecer garantias para a dívida pendente, que gira em torno de R$ 7 bilhões, devida ao BNDES e à Caixa, relacionada à construção da usina Angra 3.
Expectativas de Aprovação
Os analistas do mercado financeiro não preveem dificuldades para que a transação obtenha a aprovação necessária por parte do governo.
“O impacto é positivo. Apesar de o preço de venda (R$ 535 milhões) estar abaixo do valor contábil (cerca de R$ 7,5 bilhões), o que gerará uma provisão (não monetária), o ponto central é que este ativo representou o último grande risco para a tese de investimento da empresa [Eletrobras],” destaca o Bradesco BBI.
Fonte: www.moneytimes.com.br
