Movimentação Na Carteira de Luiz Barsi
Luiz Barsi, considerado o maior investidor pessoa física da bolsa brasileira e frequentemente apelidado de “rei dos dividendos”, anunciou recentemente a venda de ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) com a intenção de adquirir papéis da Auren (AURE3).
Barsi destacou que essa não é uma prática comum em sua carreira de investidor. “É muito raro eu vender. Quando vendo, já tenho algo programado para colocar no lugar”, declarou durante um evento promovido pela AGF (Ações que Garantem o Futuro).
Desinvestimento em Eletrobras
Após mais de uma década investindo na Eletrobras, Barsi decidiu se desfazer de suas ações devido à expressiva valorização da empresa. No ano atual, a companhia já registra uma alta de 40% e as ações estão sendo negociadas a R$ 53,06, próximo das máximas históricas.
Barsi recordou que sua jornada na Eletrobras começou ainda durante o governo de Dilma Rousseff, quando a implementação da Medida Provisória 579 visava a redução das tarifas de energia, impactando negativamente o setor com cerca de R$ 200 bilhões. “As ações estavam em torno de R$ 30 e, após o anúncio, caíram para menos de R$ 4. Eu comprei porque o valor patrimonial era de R$ 40 a R$ 50”, afirmou. Atualmente, as ações da Eletrobras oscilam nessa faixa de valor.
Estrategia de Ações e Dividendos
Barsi explica que sua estratégia é fundamentada na lógica de que os dividendos são distribuídos com base na quantidade de ações possuídas, e não no valor aplicado. Ele menciona: “Estou vendendo Eletrobras, a maior geradora do país, e comprando Auren, a terceira maior, que custa menos de R$ 11”.
Com essa mudança, o investidor estaria substituindo uma ação avaliada em R$ 50 por cinco ações da Auren, que são negociadas a R$ 10 cada. Mesmo que os dividendos individualmente pagos pela Auren sejam inferiores, Barsi espera receber um montante maior no total, devido à maior quantidade de ações que passará a ter.
Auren: A Reunião de Forças no Setor
A Auren foi fundada em 2021, resultado da fusão entre a Votorantim Energia e o fundo de investimentos canadense CPP Investments. Desde seu início, a empresa assumiu a gestão da usina de Porto Primavera, o último ativo da CESP, e, entre 2021 e 2024, distribuiu dividendos consideráveis.
No entanto, em 2022, a Auren adquiriu a AES Brasil por R$ 7 bilhões, um movimento que, segundo alguns analistas, pode interferir na capacidade da empresa de manter sua política de dividendos no curto prazo. Apesar dessas preocupações, Barsi ainda acredita no potencial da Auren. “A companhia já mostrou consistência na remuneração ao acionista. Por isso, vejo vantagem em manter ações da Auren a um preço atrativo”, avaliou.
Integração Finalizada
Após um ano da aquisição da AES, a Auren anunciou que está nos estágios finais do processo de integração com a AES. “Nós estamos agora nas últimas etapas de teste da integração do SAP. Todo o resto que a gente tinha que fazer já foi feito: a unificação do Centro de Operações, a unificação do Centro de Serviço Compartilhado, a evolução no desempenho das eólicas”, informou Fabio Zanfelice, CEO da Auren, em uma entrevista à Reuters.