A oferta de diesel russo ao Brasil está em queda desde agosto
A oferta de diesel proveniente da Rússia para o Brasil tem enfrentado uma diminuição significativa desde o mês de agosto. A expectativa é que essa escassez se acentue nos próximos meses, em decorrência de uma série de ataques a refinarias russas realizados por drones ucranianos. Essa análise foi elaborada por importadores brasileiros e pela consultoria Argus, acompanhada pela agência Reuters.
Impacto nos preços do diesel
Em virtude da redução na oferta de diesel da Rússia, os preços dos volumes que ainda estão disponíveis se aproximam dos valores praticados por outras origens de fornecimento para o Brasil. A Rússia, que se tornou o maior fornecedor externo desse combustível para o país após o início da guerra com a Ucrânia, viu seus produtos petrolíferos serem alvo de embargos ocidentais. Como resultado, esses produtos estavam sendo enviados ao Brasil com descontos significativos.
Essa situação favoreceu o mercado brasileiro, permitindo que ele navegasse com mais tranquilidade durante períodos de elevada volatilidade no mercado global. A oferta de diesel russo, ao chegar ao Brasil com preços competitivos, possibilitou uma maior estabilidade.
Declínio nas negociações
O presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), Sergio Araújo, afirmou à Reuters que as ofertas de diesel russo diminuíram consideravelmente, resultando em poucos negócios efetivados com produtos desse país. Ele também mencionou que a escassez de oferta tende a levar ao aumento dos preços, embora não tenha comentado sobre os impactos diretos no mercado brasileiro.
Aumento na insegurança do abastecimento
Desde agosto, mais de dez refinarias russas foram alvo de ataques por drones ucranianos, o que levou o governo russo a implementar medidas para garantir o abastecimento interno. Essas medidas incluíram proibições parciais às exportações de diesel por revendedores, enquanto os produtores permaneceram isentos dessas restrições.
As refinarias atingidas, algumas delas em mais de uma ocasião, têm uma capacidade de processamento total de 2,3 milhões de barris de petróleo por dia. Marcos Mortari, especialista em combustíveis da Argus, destacou, em análise à Reuters, a incerteza dos impactos provocados por esses ataques e o tempo necessário para realizações de reparos em operações não programadas.
Desaparecimento das ofertas
Mortari apontou que os operadores perceberam uma quase completa ausência das ofertas de diesel russo no mercado, enquanto os preços dos volumes ainda disponíveis passaram a se aproximar dos valores ofertados por refinadores de outras regiões.
Dados de importação
Entre janeiro e julho deste ano, o Brasil importou um total de 9,7 bilhões de litros de diesel, sendo que cerca de 61% desse volume teve origem na Rússia. Esses números foram compilados pela Argus a partir de dados fornecidos pelo governo brasileiro, mostrando uma média de 840,67 milhões de litros de diesel russo desembarcados mensalmente durante esse período.
No entanto, em agosto, as importações desse diesel caíram para 665,77 milhões de litros, o que representou 51% do volume total desembarcado no mês. Informações preliminares da Vortexa, uma empresa especializada em análise de dados do setor de energia, indicam uma desaceleração ainda mais acentuada nos meses subsequentes. A expectativa é que as importações caiam para 394,2 milhões de litros em setembro e ainda mais para 297,5 milhões de litros em outubro.
Repercussões nas expectativas de mercado
Essa nova realidade apresentou um revés nas expectativas do mercado. Distribuidores brasileiros haviam anteriormente projetado uma recuperação nas importações de diesel para a segunda metade de setembro, em virtude do término de manutenções programadas em refinarias locais e uma diminuição na demanda sazonal da Turquia.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br