Plano do ONS para Evitar Apagões
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentará um plano nos próximos dias ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A proposta visa mitigar o risco de apagões no Brasil, conforme declarado por membros da diretoria da entidade.
Redução da Geração de Usinas do Grupo III
O plano inclui a possibilidade de cortes na geração de energia de usinas classificadas como "grupo III". Esse grupo abrange empreendimentos que utilizam fontes de energia solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que estão conectadas à rede das distribuidoras. Ao todo, essas usinas somam aproximadamente 20 gigawatts (GW), localizadas principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país.
Segundo Christiano Vieira, diretor do ONS, não necessariamente será necessário realizar um corte na energia dessas usinas. O que pode ocorrer é uma modulação na geração, permitindo que elas produzam menos energia durante períodos de excedente e mais durante os picos de demanda. "Essa modulação confere mais flexibilidade ao ONS, e atualmente a discussão gira em torno de como estruturar essa modulação", afirmou.
Desafios da Micro e Minigeração Distribuída
A expansão da micro e minigeração distribuída (MMGD) no Brasil tem dificultado a gestão da carga elétrica. A maior preocupação do ONS se concentra em momentos críticos de "vale de carga", que ocorrem quando a demanda de energia é particularmente baixa, enquanto a geração solar está elevada. Durante esses períodos, o ONS é obrigado a reduzir a geração de energia, mas deve respeitar limites legais e parâmetros estabelecidos por órgãos federais.
Vieira ressaltou que o objetivo do operador é desenvolver uma solução para os momentos em que "quase tudo que poderia ser reduzido já foi cortado". Essa situação aumenta o risco de blecautes, especialmente quando o ONS perde a capacidade de gerenciar a carga; neste caso, a demanda passa a ser atendida quase que exclusivamente por geração distribuída, que está fora do controle direto do operador.
Preocupações com a Geração Distribuída
Marcio Rea, diretor-geral do ONS, expressou preocupação em relação à MMGD, pois não há controle sobre a energia gerada por essas fontes. Ele destacou a dependência da regulação junto às distribuidoras para contornar essa situação. "Estamos bastante preocupados", afirmou Rea.
A proposta do ONS surge em um contexto de aumento dos riscos de apagões, resultado de uma combinação de excessos na geração de energia, principalmente pela fonte solar, e de um consumo baixo. Essa conjuntura é agravada pela limitada flexibilidade do ONS para gerenciar os desequilíbrios no sistema elétrico.
Históricos de Situações Críticas
O tema tomou maior importância nos últimos meses, especialmente após as situações críticas enfrentadas pelo ONS em maio e agosto, durante dias de baixo consumo. Para evitar um desbalanceamento que poderia resultar em apagões, o operador precisou minimizar ao máximo a geração de grandes empreendimentos eólicos, solares e hidrelétricos. Isso deixou a demanda quase completamente atendida pelas usinas de geração distribuída, cuja operação não está sob o controle do ONS.
Fonte: www.moneytimes.com.br