Os perdedores e os ganhadores do 2T25 – Análise Financeira

Os perdedores e os ganhadores do 2T25 – Análise Financeira

by Beatriz Fontes
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Resultados do Segundo Trimestre de 2025

O segundo trimestre de 2025 marcou uma virada para os bancos brasileiros. Depois de um 2024 histórico, com recordes de lucro e valorização em bolsa, a nova safra trouxe resultados mistos, separando claramente vencedores e perdedores.

Segundo a consultoria Elos Ayta, o lucro consolidado dos cinco maiores bancos listados somou R$ 27,98 bilhões, uma queda de 5,6% em 12 meses e uma retração de 8,1% em relação ao 1T25. A principal pressão sobre os resultados veio do Banco do Brasil (BBAS3), cujo lucro caiu 60%. Em contrapartida, bancos privados apresentaram recuperação, com lucros recordes em alguns casos.

Itaú: o relógio suíço não falha

O Itaú Unibanco (ITUB4) manteve sua posição de liderança, com um lucro recorde de R$ 11,28 bilhões, o maior já registrado entre os bancos listados na B3. Esse crescimento representou um aumento de 14% em 12 meses, correspondendo a mais de 40% de todo o lucro do setor.

O banco revisou suas projeções financeiras para cima, sustentadas pelo avanço da margem financeira com clientes (NII) e pelo controle de inadimplência. Analistas acreditam que há espaço para novas altas, com a Genial Investimentos estimando um preço-alvo de R$ 43,80 (um potencial de 22% de valorização). O Safra projeta um lucro anual de R$ 46 bilhões. O BTG elogiou a qualidade dos números do Itaú, mesmo considerando o aumento das despesas relacionadas a tecnologia e marketing.

Na bolsa, as ações do Itaú acumulam alta de 31% em 2025, atingindo novos patamares. Para os analistas, a consistência e a digitalização colocam o Itaú como a principal escolha do setor.

Bradesco: recuperação em curso

O Bradesco (BBDC4) apresenta uma guinada significativa. Após resultados fracos em trimestres anteriores, o banco reportou um lucro de R$ 6,07 bilhões, resultando em uma alta de 28,6%, marcando o melhor segundo trimestre desde 2021. As ações já refletiam essa melhora, com um aumento próximo a 40% no ano, e os números confirmaram essa tendência de recuperação.

A margem com clientes (NII) alcançou um recorde, impulsionada por um maior volume de crédito e uma melhor composição da carteira. As receitas de serviços também avançaram, especialmente com cartões, gestão de ativos e mercado de capitais.

O Safra reiterou a recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 21, apontando para um potencial de alta de 34%. A Genial destacou que o crescimento da receita é o principal motor da recuperação. O Itaú BBA enfatizou que a unidade de seguros se mantém como um pilar de estabilidade.

Embora tenha havido um aumento na provisão para perdas de crédito (+6,5% no trimestre), o CEO Marcelo Noronha atribuiu parte desse aumento a efeitos não recorrentes relacionados à consolidação do banco John Deere. O mercado não percebeu risco estrutural no negócio.

BTG Pactual: recorde histórico e liderança

Em um trimestre repleto de recordes, o BTG Pactual (BPAC11) alcançou o melhor resultado de sua história, com um lucro que disparou 42%, totalizando R$ 4,2 bilhões, superando as estimativas da Bloomberg em 13%. O lucro do BTG foi superior ao do Santander, que reportou R$ 3,6 bilhões. O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) avançou quatro pontos percentuais, alcançando 27%, enquanto o Itaú ficou em 23%.

Todas as linhas de receita cresceram entre 15% e 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, analistas questionam se o banco conseguirá repetir esse desempenho nos próximos trimestres, uma vez que o crescimento robusto nas áreas de Investment Banking e Sales & Trading é mais volátil.

Apesar das incertezas, as casas de análise destacam que o BTG está construindo uma base sólida. O JPMorgan considerou o trimestre positivo, afirmando que isso pode levar a revisões do lucro por ação para cima.

Nubank: fintech em nova fase

O Nubank (NU) surpreendeu novamente, registrando um lucro líquido de US$ 637 milhões e um ROE de 28%, com avanço na margem financeira líquida. A NIM no Brasil subiu 0,20 p.p., enquanto a inadimplência permaneceu controlada. O resultado superou as estimativas do Itaú BBA (+12%) e do Safra (+6%), fazendo com que as ações subissem mais de 10% em Nova York. Desde a divulgação, o papel acumulou +16%.

O BTG elevou a recomendação para compra pela primeira vez desde o IPO em 2021, ressaltando um valuation mais razoável. O Itaú BBA também revisou sua recomendação para outperform, nove meses após um rebaixamento.

Analistas acreditam que o Nubank está pronto para expandir além do cartão de crédito, com diversificação de receitas e monetização acelerada da base de clientes.

Inter: virada confirmada

O Inter (INBR32) relatou um lucro recorde de R$ 315 milhões, um aumento de 50%, e um ROE de 13,9%. Os BDRs dispararam até 12% após a divulgação dos resultados. O BTG elevou a recomendação de neutra para compra, com um preço-alvo de R$ 45, em reconhecimento à aceleração dos lucros e à execução de estratégias alinhadas às metas.

A instituição projeta um lucro líquido de R$ 1,4 bilhão em 2025, representando um crescimento de 50%. Essa melhora é atribuída à expansão de crédito, eficiência operacional e diversificação de receitas. Para o mercado, o Inter passou a ser visto como um banco lucrativo e escalável.

Banco do Brasil: deterioração acentuada

O Banco do Brasil (BBAS3) foi o grande perdedor, com um lucro que caiu 60%, totalizando R$ 3,8 bilhões, e um ROE que despencou para 8%. A inadimplência no setor agro cresceu 140 pontos-base no trimestre, afetando também a carteira corporativa. O guidance de lucro anual foi mantido entre R$ 21–25 bilhões, mas analistas estão céticos quanto a essa projeção.

O Safra ressaltou que ainda não é possível afirmar se o banco atingiu seu ponto mais baixo, enquanto o BTG avaliou que a deterioração ocorreu de maneira rápida e que a recuperação será mais lenta. A piora na composição da carteira, com uma redução de R$ 7 bilhões na carteira rural ordinária e um aumento na mesma magnitude na carteira renegociada, acendeu alertas sobre futuros riscos de provisões.

Santander: trimestre rotulado como fracasso

O Santander Brasil (SANB11) reportou um lucro de R$ 3,6 bilhões, uma queda de 5% em relação ao 1T25, abaixo das expectativas do mercado. A margem financeira ajustada ao risco caiu 6%, enquanto as provisões aumentaram 7%. O Safra afirmou que a qualidade do resultado foi inferior ao esperado, e o BTG classificou o trimestre como um “fracasso”, citando volumes fracos e a deterioração da carteira de PMEs. Apesar de algumas melhorias em margem financeira e eficiência digital, a reação do mercado foi negativa.

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