Acordo entre Pfizer e EUA sobre preços de medicamentos
A Pfizer e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciaram na terça-feira (30) um acordo que estabelece que a fabricante de medicamentos dos EUA concordou em reduzir os preços dos medicamentos prescritos no programa Medicaid. Essa redução será equivalente às tarifas cobradas em outros países desenvolvidos, em troca de alívio tarifário concedido pela administração norte-americana.
Além disso, Trump mencionou que a Pfizer oferecerá o preço de nação mais favorecida para todos os novos medicamentos lançados nos Estados Unidos. O presidente também indicou que outras empresas farmacêuticas devem seguir essa linha de conduta.
As ações da Pfizer experimentaram um aumento superior a 6% em resposta ao anúncio, e a notícia também teve um efeito positivo sobre as ações de outras empresas do setor, como Eli Lilly, MSD, Amgen, AbbVie e GSK. Esse crescimento foi visto como um alívio para os investidores, que não enfrentarão os efeitos mais severos das tarifas que poderiam afetar o setor farmacêutico.
Atualmente, pacientes nos Estados Unidos enfrentam altos custos por medicamentos prescritos, muitas vezes pagando até três vezes mais do que em outros países desenvolvidos. Em função disso, Trump tem pressionado as empresas farmacêuticas a reduzir seus preços a patamares equivalentes aos praticados em outras regiões do mundo.
Integração da Pfizer ao site TrumpRx
A Pfizer também se integrará ao novo site da Casa Branca voltado ao consumo, chamado TrumpRx, que permitirá que os cidadãos norte-americanos adquiram medicamentos. O lançamento desse site está programado para acontecer em 2026.
Trump comentou que “os Estados Unidos não estão mais subsidiando o sistema de saúde do resto do mundo”, durante um evento no Salão Oval, ao lado do presidente-executivo da Pfizer, Albert Bourla, e do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., além de outros convidados.
Várias empresas farmacêuticas estabeleceram preços diretos ao consumidor para alguns de seus produtos, que serão disponibilizados em um novo site do grupo de lobby norte-americano PhRMA. Além disso, algumas delas aumentaram os preços de suas terapias no Reino Unido, seguindo a demanda de Trump para compensar as reduções de preços nos Estados Unidos.
No dia 25 de setembro, Trump anunciou que implementaria uma tarifa de 100% sobre as importações de medicamentos de marca ou patenteados a partir de 1º de outubro, a menos que o fabricante estivesse construindo uma fábrica dentro do território dos Estados Unidos.
Detalhes do acordo e seus impactos
A Pfizer é a primeira empresa farmacêutica a firmar um acordo desse tipo. Em julho, Trump enviou cartas a 17 grandes fabricantes de medicamentos pedindo a redução dos preços para que fossem equivalentes aos praticados em outros países. Ele solicitou que essas empresas respondessem a essa proposta com compromissos vinculativos até o dia 29 de setembro.
Fontes de cinco grandes grupos farmacêuticos informaram à Reuters que o anúncio da parceria entre Trump e a Pfizer surpreendeu suas empresas, que assistiram à coletiva de imprensa da Casa Branca para entender as possíveis consequências desse acordo.
A Pfizer se comprometeu a investir US$ 70 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e fabricação no território americano. A empresa recebeu um período de carência de três anos, durante o qual seus produtos não estarão sujeitos às tarifas direcionadas ao setor farmacêutico, desde que, segundo Bourla, os produtos sejam deslocados para dentro dos Estados Unidos.
De acordo com a empresa, a maior parte de seus tratamentos destinados a cuidados primários e algumas marcas especializadas selecionadas serão oferecidos com economia que pode alcançar até 85%, com uma média de 50%. Entre os tratamentos mencionados, estão medicamentos para artrite reumatoide, enxaqueca, dermatite e osteoporose pós-menopausa, cujos preços podem variar significativamente.
Barasa, um analista do setor, afirmou que o resultado do acordo foi “extremamente favorável para o setor”. Ele observou que o Medicaid já goza de descontos substanciais em certos casos, superiores a 80%, e considerou que o impacto adicional sobre os fabricantes deve ser relativamente baixo.
Além disso, novos preços para o Medicaid deverão entrar em vigor em 2026, conforme anunciado por uma autoridade do governo durante uma coletiva de imprensa. A política de preços será baseada na “nação mais favorecida” e levará em conta o menor valor pago em oito outros países desenvolvidos, incluindo taxas e descontos.
É importante ressaltar que mais de 70 milhões de pessoas são atendidas pelo Medicaid, um programa especializado em atender indivíduos de baixa renda. Contudo, os gastos com medicamentos nesse programa são consideravelmente inferiores em comparação aos custos do Medicare, seu equivalente para idosos e para pessoas com deficiência, que não foram incluídos no acordo anunciado nesta terça-feira.
Fonte: www.moneytimes.com.br