Assembleia Geral da ONU
A partir do dia 23 de setembro, terá início mais uma edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), evento anual que reúne líderes de diversas nações para discutir questões globais de relevância. O Brasil, tradicionalmente, é o primeiro país a se pronunciar, e nesta ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará sua fala às 10h, logo após o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Por que o Brasil abre os debates?
O fato de o Brasil sempre ser o primeiro a discursar, mesmo em meio a potências mundiais, levanta questionamentos sobre as razões históricas que fundamentam essa tradição. Embora não haja uma explicação oficial única, três teorias principais têm sido apontadas para justificar essa prerrogativa histórica do país.
1. O “prêmio de consolação”
Uma das hipóteses que explica essa situação é que o Brasil conquistou o direito de abrir a Assembleia Geral como uma forma de “compensação” por não ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Este órgão, responsável por decisões cruciais, conta com cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, França, Rússia, China e Reino Unido, além de outros dez membros rotativos.
Na definição das cadeiras permanentes em 1945, o Brasil foi preterido por líderes reconhecidos da época, como Winston Churchill e Josef Stalin, mesmo levando em conta sua influência na América Latina. Para reconhecer sua participação e relevância na arena internacional, o Brasil foi agraciado com a responsabilidade de inaugurar as discussões da Assembleia Geral.
É importante destacar que o Brasil já foi membro rotativo do Conselho de Segurança em 11 ocasiões, com sua mais recente participação nos anos de 2022 e 2023.
2. Brasil como país neutro durante a Guerra Fria
Outra teoria aponta que, no contexto da Guerra Fria, o Brasil assumiu uma postura neutra em relação às tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética. Essa condição pode ter contribuído para que o país fosse escolhido para abrir as discussões no evento, evitando assim um clima de disputas e promovendo um espaço de diálogo inicial entre as nações.
3. Voluntariado do Brasil nos primórdios da ONU
A teoria mais amplamente aceita sugere que, nas primeiras Assembleias Gerais da ONU, nenhum dos países participantes estava disposto a assumir o “dever” de iniciar os debates. O Brasil se voluntariou para essa responsabilidade nos anos de 1949, 1950 e 1951. Em 1955, a organização oficializou a prática, determinando que o Brasil seria sempre o primeiro a discursar.
Desmond Parker, que ocupava o cargo de chefe de protocolo da ONU, comentou em uma entrevista à rádio NPR em 2010 que “em tempos muito antigos, quando ninguém queria falar primeiro, o Brasil sempre se oferecia para falar primeiro. E assim ganhou o direito de abrir a Assembleia Geral”. É relevante notar que, com exceção de 1983 e 1984, quando o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, assumiu a abertura, o Brasil tem mantido essa tradição.
Ordem dos discursos na Assembleia Geral da ONU
A tradicional ordem de discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU é estabelecida da seguinte forma:
- Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.
- Annalena Baerbock, presidente da Assembleia Geral e ex-ministra das Relações Exteriores da Alemanha.
- Brasil.
- Estados Unidos, país anfitrião.
Após essas intervenções iniciais, os demais líderes discursam seguindo uma hierarquia que considera a posição política e a ordem de chegada de cada um ao evento.
Fonte: www.moneytimes.com.br