Por que os EUA ajudaram a Argentina com um auxílio de US$ 20 bilhões?

Por que os EUA ajudaram a Argentina com um auxílio de US$ 20 bilhões?

by Fernanda Lima
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O governo Trump está resgatando a Argentina

O governo dos Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, decidiu utilizar US$ 20 bilhões dos contribuintes americanos para rescatar a Argentina. Essa medida, segundo críticos, está mais relacionada à política do que a interesses econômicos ou americanos. O resgate ocorre em um momento em que a Argentina é liderada por Javier Milei, um aliado próximo de Trump que possui uma postura libertária e se tornou conhecido por sua adoção de uma motosserra como símbolo.

Os dois líderes se reuniram na Casa Branca em 14 de outubro para discutir temas relacionados ao resgate e tarifas, conforme relatado por Trump. Durante a reunião, o presidente afirmou que a ação tem como objetivo “ajudar uma boa filosofia financeira” e “ajudar nossos vizinhos”.

Atualmente, o governo federal dos EUA enfrenta um período de paralisação que se aproxima de duas semanas, enquanto empresas e indústrias norte-americanas continuam se recuperando da guerra comercial provocada por Trump.

Qual é o problema?

A Argentina está à beira de um colapso financeiro. A desvalorização acentuada da moeda argentina ocorreu após uma derrota significativa do partido de Milei nas eleições do mês passado, o que abalou a confiança dos investidores em relação à capacidade do presidente de implementar reformas econômicas necessárias.

Desde que assumiu o cargo em 2023, Milei tem adotado medidas rigorosas, como cortes nos gastos do governo, redução de regulamentações e demissões em massa no setor público. Embora o governo tenha obtido algum sucesso — com a inflação em queda para seu ritmo mensal mais lento em mais de quatro anos — a crise financeira pode ter repercussões mais amplas.

O governo Trump argumenta que a crise financeira na Argentina pode afetar outras economias caso não seja contida rapidamente. Além disso, autoridades afirmam que existe o risco de a Argentina, uma significativa economia sul-americana, estreitar ainda mais seus laços com a China. As próximas eleições legislativas na Argentina estão programadas para ocorrer em 26 de outubro.

O que os EUA estão fazendo?

Na quinta-feira (9), Bessent, um representante do governo, anunciou que o resgate da Argentina está sendo concretizado por meio de duas principais ações. Ele confirmou que o governo dos EUA finalizou um acordo de swap cambial no valor de US$ 20 bilhões com o banco central argentino, permitindo que a moeda local seja trocada pelo dólar americano. Especialistas consideram essa operação como um empréstimo significativo.

Além disso, Bessent declarou que o governo dos EUA adquiriu “diretamente” uma quantia não revelada de pesos argentinos. Esta é apenas a quarta vez, desde 1996, que os Estados Unidos compram moeda de outro país, segundo o Federal Reserve Bank de Nova York. Essas ações têm como objetivo estabilizar os mercados financeiros da Argentina.

Por que isso é controverso?

Os Estados Unidos já ofereceram assistência financeira a países estrangeiros em situações antes, geralmente quando a estabilidade da economia global está em risco ou quando um aliado geopolítico enfrenta dificuldades. No entanto, o resgate atual não é considerado urgente, e críticos apontam que está ocorrendo em um momento problemático, acusando Trump de utilizar bilhões de dólares dos contribuintes apenas para apoiar um de seus aliados pessoais.

Heidi Crebo-Rediker, ex-economista-chefe do Departamento de Estado, e Douglas Rediker, ex-representante dos EUA no conselho executivo do FMI, comentaram que a decisão do Tesouro de oferecer um swap à Argentina é um indício de que Washington está disposto a usar ferramentas financeiras para finalidades políticas, o que se desvia dos padrões anteriores. O impacto disso ocorre em meio a uma paralisação do governo dos EUA, que resultou em mais de um milhão de funcionários federais sendo licenciados ou trabalhando sem remuneração.

A senadora democrata Elizabeth Warren criticou publicamente a escolha de Trump, afirmando que “é inexplicável que o presidente esteja apoiando um governo estrangeiro enquanto paralisa o nosso”. A situação se agrava para os agricultores americanos, cujo ano já está sendo desafiador, em parte devido às políticas comerciais de Trump. O resgate da Argentina complicou ainda mais sua situação, especialmente quando a China, maior compradora de soja dos EUA, suspendeu as compras em resposta à guerra comercial.

A Argentina, por sua vez, suspendeu temporariamente impostos de exportação de grãos, o que levou a China a intensificar a compra de soja argentina. O senador republicano Chuck Grassley, de Iowa, questionou a lógica de o governo dos EUA apoiar a Argentina enquanto isso prejudica os agricultores norte-americanos.

Quem se beneficia?

Além de Milei, a China e o tesouro argentino, os críticos afirmam que o resgate beneficia significativamente os gestores de fundos ricos que possuem grandes dívidas e ativos relacionados à Argentina. Essa ação poderia resultar em grandes vantagens para Rob Citrone, um bilionário gestor de fundos de hedge com investimentos substanciais na Argentina. Segundo relatos, a relação profissional de longa data entre Bessent e Citrone levanta preocupações sobre interesses pessoais.

Warren, em seu comunicado, expressou sua indignação, mencionando que, apesar de Trump prometer “América em Primeiro Lugar”, ele parece priorizar sua própria agenda e a de seus amigos bilionários, deixando o ônus para os cidadãos americanos. Oito democratas, incluindo Warren, já propuseram um projeto de lei no Congresso para bloquear o resgate da Argentina.

Por outro lado, Bessent defendeu a decisão à CNBC, afirmando que a narrativa de que o resgate beneficiaria os ricos americanos era falsa, argumentando que as ações do governo estão focadas em manter os interesses estratégicos dos EUA no Hemisfério Ocidental.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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