Desempenho do Banco do Brasil: Análise dos Resultados Recentes
O Banco do Brasil teve um desempenho significativo entre os anos de 2020 e 2024, atingindo um lucro que chegou a R$ 9 bilhões. Nesse período, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) alcançou 20%, e o rendimento de dividendos ficou na casa dos dois dígitos.
Revisão da Estratégia e Redução dos Dividendos
Entretanto, a deterioração dos resultados financeiros no primeiro e no segundo trimestres fez com que a instituição revisasse sua estratégia e decidisse pagar menos dividendos. O payout, isto é, a fração do lucro distribuída aos acionistas, foi reduzido de 40% para 30%, resultando em rendimentos próximos de 4%.
Apesar deste cenário desafiador, parece que a ação BBAS3 atingiu um ponto baixo, e alguns analistas identificam uma possível oportunidade de investimento. Contudo, a expectativa sobre quando os dividendos significativos retornarão ainda é incerta. Aqueles que esperam uma recuperação rápida podem ter motivos para se decepcionar.
Payout Futuro e Previsões
De acordo com o JPMorgan, que se reuniu recentemente com a administração do Banco do Brasil, ainda é prematuro discutir o payout para o ano de 2026. A definição desse indicador dependerá da evolução dos resultados da instituição e de suas perspectivas. Giovanne Tobias, diretor de Relações com Investidores (RI), mencionou em uma conferência com jornalistas que "2025 será o ano para prepararmos tudo para 2026". No horizonte, a instituição tem como objetivo retomar o crescimento e potencialmente culminar em um ROE de 15% até 2026.
Fatores para o Crescimento Futuro
Os principais fatores que devem impulsionar esse crescimento incluem:
- A estabilização da inadimplência;
- Melhoria na eficiência operacional;
- Aumento das margens, impulsionado pela expectativa de que a redução da taxa Selic resultará em menores custos de captação.
Medidas Regulamentares e Impactos no NII
O banco também citou a adoção de duas resoluções: a primeira diz respeito à regularização de operações de crédito (Resolução 5244) e a segunda está relacionada a empréstimos de programas governamentais. Essas medidas devem contribuir para a melhoria do NII (margem financeira líquida).
A recomendação do JPMorgan para o Banco do Brasil é de manutenção, com um preço-alvo estimado de R$ 24.
Sinais Negativos para o Banco do Brasil
Na perspectiva do JPMorgan, embora tenha havido um certo alívio por conta da Medida Provisória do governo, que impulsionou a ação em 20% a partir das mínimas, o panorama geral ainda é preocupante. O relatório indica que o índice de inadimplência continua a aumentar e há expectativas de que a situação se agrave ainda no terceiro trimestre.
Medidas de Prudência e Concessão de Empréstimos
Com isso, a ação BBAS3 foi forçada a moderar suas operações: novos empréstimos estão sendo concedidos, mas em um ritmo mais lento, pois o banco tem exigido garantias reais mais robustas, o que prolonga o tempo necessário para a liberação. O cenário se complica ainda mais devido ao alto endividamento dos produtores rurais, a compressão das margens — refletida na queda dos preços agrícolas e no aumento dos custos — e a ocorrência de eventos climáticos adversos.
Oportunidades em Meio aos Desafios
Por outro lado, existem fatores que podem contribuir positivamente: o programa de renegociação do governo, mudanças nas regulamentações e as melhores perspectivas para a safra. O JPMorgan calcula que, a cada R$ 7 bilhões renegociados, haveria um impacto positivo de 60 pontos-base no capital, com um potencial de utilização de até R$ 20 bilhões em ativos fiscais diferidos (DTAs).
Desafios para Pequenas e Médias Empresas
Ainda no segmento de pequenas e médias empresas, o Banco do Brasil deve seguir enfrentando desafios, conforme a análise dos especialistas. A carteira direcionada a esse público é avaliada em R$ 122 bilhões, apresentando uma inadimplência de 10,6% nos últimos 90 dias. Considerando a composição da dívida — que é de R$ 15 bilhões — a inadimplência ajustada cai para 6,1%.
As pequenas e médias empresas foram fortemente afetadas pelo contexto de altas taxas de juros. A BBAS3 iniciou processos de renegociação na expectativa de uma queda nas taxas, o que, até o momento, não ocorreu. Embora as novas safras de crédito apresentem uma performance melhor, o banco mantém uma postura cautelosa, segundo a análise do JPMorgan.
Expectativas para Inadimplência
Além disso, tanto na agricultura quanto na carteira de pequenas e médias empresas, espera-se que a inadimplência continue a aumentar nos próximos trimestres, embora essa deterioração já haja sido contemplada nas projeções da instituição. A boa notícia é que, conforme relatado pelo Banco do Brasil, não houve um aumento significativo nos casos de recuperação judicial.
Fonte: www.moneytimes.com.br