Desafios do Varejo no Segundo Semestre
Com a proximidade de uma nova temporada de balanços, o cenário do varejo apresenta desafios significativos. Para a segunda metade do ano, o BTG Pactual destaca como principais obstáculos a desaceleração da inflação, o aumento nos custos de financiamento e o elevado endividamento das famílias brasileiras.
Nesse contexto, o terceiro trimestre é esperado como um período transitório, caracterizado por uma desaceleração mais acentuada em certas áreas, como o segmento de vestuário, além de uma tendência de fraqueza entre os varejistas de alimentos. Em contrapartida, o setor farmacêutico e algumas teses de investimento específicas devem apresentar resultados positivos.
O BTG prevê um crescimento de 8% na receita líquida do setor em comparação ao ano anterior, com o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também registrando um aumento de 8%. Esse crescimento deve ser impulsionado por esforços de otimização de custos, políticas de preços mais equilibradas e alavancagem operacional eficaz.
Em relação ao lucro líquido, espera-se uma queda de R$ 1,39 bilhão no terceiro trimestre de 2024, caindo para R$ 1,26 bilhão no mesmo período de 2025.
Divisões do Varejo
A equipe de analistas do BTG Pactual, liderada por Luiz Guanais, observa uma desaceleração do consumo discricionário após um primeiro semestre mais robusto, englobando empresas como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Azzas 2154 (AZZA3) e Grupo SBF (SBFG3).
No setor de e-commerce, as atenções se voltam novamente para o Mercado Livre (MELI34), em um cenário de intensificação da concorrência no mercado digital.
Os analistas destacam que o dilema enfrentado pelas empresas de e-commerce no Brasil reside na escolha entre priorizar o crescimento ou a lucratividade.
Previsões para o Setor de E-commerce
No terceiro trimestre, o BTG antecipa que as empresas atuantes no setor de e-commerce serão impactadas pelas recentes mudanças nos subsídios de frete. Para o Magazine Luiza (MGLU3), espera-se uma queda de 2% no volume bruto de mercadorias (GMV) online em comparação ao ano anterior, enquanto a margem EBITDA consolidada (pós-IFRS16) deverá se manter estável frente ao período anterior.
Por outro lado, projeta-se um crescimento de 31% ao ano nas operações do Mercado Livre no Brasil (calculado em reais), com o GMV consolidado (em dólares) crescendo 21%.
Com relação à Casas Bahia (BHIA3), a previsão é de que o GMV online cresça 10% ao ano, e a margem EBITDA (pós-IFRS16) expanda para 8,2%.
Após um primeiro semestre prejudicado, os varejistas de alimentos devem enfrentar um ambiente moderado, marcado por uma desaceleração da inflação durante o período.
Perspectivas para o Setor
De acordo com o BTG, a recomendação é de conservadorismo e seletividade ao se posicionar dentro do setor. Os analistas expressam incertezas sobre a correlação das varejistas com as perspectivas macroeconômicas e o desempenho subsequente das ações.
Os analistas apontam também para a preocupação de que eventuais restrições de crédito nos próximos meses possam impactar negativamente o consumo, e que um cenário de taxas de juros elevadas representa um risco para o processo de desalavancagem financeira.
A partir dessa análise, o BTG acredita que uma eventual alta nas ações do setor de varejo dependerá de dois fatores principais:
- Uma redução nas taxas de juros reais de longo prazo, que deve ser gradualmente incorporada pelo mercado nos próximos meses;
- Um desempenho operacional consistente e atualizações positivas nos lucros das empresas.
Entre as principais recomendações do banco para o setor estão Smart Fit (SMFT3), Vivara (VIVA3) e Track&Field (TFCO4), que devem se destacar positivamente no terceiro trimestre. Além dessas, é mencionado o C&A (CEAB3), que deve ter um desempenho superior no segmento discricionário, e Assaí (ASAI3), indicado como a melhor opção do BTG para aproveitar a redução nas taxas no Brasil.
Fonte: www.moneytimes.com.br