Desempenho do Ibovespa
O Ibovespa (IBOV) experimentou duas realidades distintas ao longo de uma única semana: encerrou setembro com uma forte valorização enquanto começou outubro em um tom negativo. O cenário fiscal, as expectativas em relação às eleições de 2026 e a paralisação das atividades governamentais nos Estados Unidos concentraram a atenção dos investidores.
O principal índice da bolsa brasileira acumulou uma queda de 0,86% nos últimos cinco pregões, fechando a sessão da sexta-feira (3) na faixa de 144 mil pontos. Durante o mês de setembro, o Ibovespa teve uma valorização de 3,4%. O dólar à vista (USBRL) encerrou a semana cotado a R$ 5,3366, apresentando uma desvalorização de 0,03% em relação ao real.
Cenário Fiscal e Perspectivas Eleitorais
No Brasil, o cenário fiscal levantou novas preocupações entre os investidores. Na quarta-feira (1º), a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que prevê a isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas que têm rendimento de até R$ 5 mil. Além disso, haverá um "desconto" para contribuintes com salários de até R$ 7,3 mil e uma taxação sobre os chamados ‘super-ricos’.
Essa mudança gerou temores entre os agentes financeiros a respeito do impacto fiscal da medida e sua influência nas eleições de 2026. Rumores sobre novos programas sociais também voltaram a ser discutidos. De acordo com uma reportagem do jornal Diário do Grande ABC, o governo federal pode avançar em uma proposta que visa zerar as tarifas de ônibus em todo o país, um movimento que pode ter caráter eleitoral.
Além disso, pensando nas próximas eleições, o mercado reagiu à possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência, com a condição de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) seja a candidata a vice-presidente.
Paralisação do Governo dos EUA
No cenário externo, o governo dos Estados Unidos entrou em ‘shutdown’ (paralisação) na quarta-feira (1º), após a falta de acordo entre os democratas e os republicanos. Uma nova tentativa de negociações ocorreu na sexta-feira (3), mas sem sucesso. Essa paralisação, a 15ª desde 1981, suspendeu atividades como pesquisas científicas, a publicação de dados econômicos — incluindo o relatório oficial de empregos (payroll) de setembro, que estaria previsto para ser divulgado na última sexta-feira (3) — e uma ampla gama de outras funções.
Os investidores temem que a falta de dados impacte a próxima decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, marcada para o final do mês. O presidente norte-americano, Donald Trump, também tomou medidas que incluem o congelamento de US$ 26 bilhões que seriam destinados a Estados com tendências democratas e ameaçou demitir funcionários federais. Apesar desse cenário, os investidores consolidaram suas apostas em cortes na taxa de juros pelo Fed na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC), prevista para o dia 29 de outubro.
De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado vê uma probabilidade de 94,6% de que o Banco Central dos Estados Unidos reduza os juros em 0,25 ponto percentual na sua próxima reunião. Atualmente, a taxa está entre 4,00% e 4,25% ao ano.
Sobe e Desce do Ibovespa
Entre as ações que apresentaram o melhor desempenho na semana, destacaram-se os papéis da RD Saúde (RADL3). As ações da companhia foram favorecidas pela decisão do Estado de São Paulo de excluir determinados setores do regime de substituição tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os setores de medicamentos e bebidas alcoólicas foram os contemplados pela medida, que entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.
Outro destaque positivo foi a Gerdau (GGBR4) e a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que figuraram entre as melhores ações da semana. Os investidores reagiram à revisão das projeções de investimentos e de geração de caixa, apresentadas durante o “Gerdau Investor Day 2025”, realizado na quarta-feira (1º). Na visão do BTG Pactual, a empresa decidiu adotar uma postura de disciplina em resposta ao atual ciclo adverso. Assim, a Gerdau se mantém fora da tendência mais fraca do setor na América Latina, sendo beneficiada pela força de suas operações nos Estados Unidos e pela redução do capex, conforme análise dos analistas Leonardo Correo e Marcelo Arazi em relatório.
Principais Altas do Ibovespa (29 de setembro a 3 de outubro)
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
---|---|---|
RADL3 | RD Saúde ON | 5,85% |
GGBR4 | Gerdau PN | 5,29% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 5,15% |
CMIN3 | CSN Mineração ON | 5,08% |
RAIL3 | Rumo ON | 4,40% |
ELET6 | Eletrobras PNB | 4,17% |
BEEF3 | Minerva ON | 4,01% |
IRBR3 | IRB Re ON | 4,00% |
ELET3 | Eletrobras ON | 3,35% |
TIMS3 | Tim ON | 3,03% |
A ponta negativa do Ibovespa foi liderada pela Magazine Luiza (MGLU3), impactada pelo aumento da curva de juros futuros, que gerou uma escalada da cautela fiscal.
Principais Quedas na Semana
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
---|---|---|
MGLU3 | Magazine Luiza ON | -18,23% |
VAMO3 | Vamos ON | -11,96% |
PCAR3 | GPA ON | -11,49% |
AZZA3 | Azzas 2154 | -11,17% |
CVCB3 | CVC ON | -8,63% |
LREN3 | Lojas Renner ON | -7,08% |
CEAB3 | C&A Modas ON | -6,93% |
BRKM5 | Braskem PN | -6,84% |
MBRF3 | MBRF ON | -5,70% |
PETR3 | Petrobras ON | -5,46% |
Fonte: www.moneytimes.com.br