Reinado solitário chegou ao término.

Reinado solitário chegou ao término.

by Ricardo Almeida
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A evolução da renda fixa no Brasil

Durante várias décadas, a renda fixa manteve-se como um dos principais componentes das carteiras de investimentos dos brasileiros. Em 2016, quase metade dos investimentos totais estava alocada nessa classe de ativos, consolidando o país como um dos mais conservadores do mundo no que se refere à alocação de capital.

Entretanto, esse panorama está se modificando de forma acelerada. Projeções indicam que, até o ano de 2030, os fundos de renda fixa devem representar menos de 25% do mercado, enquanto os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm a expectativa de aumentar sua participação por quatro vezes.

Esse movimento evidencia uma alteração estrutural no mercado de capitais brasileiro. A mudança da renda fixa tradicional para instrumentos de crédito mais sofisticados, como os FIDCs, não representa apenas uma preferência dos investidores, mas reflete um ambiente em que o retorno oferecido pela renda fixa se torna menos atrativo em comparação ao risco ajustado de outras classes de ativos.

A força dos FIDCs

Entre os anos de 2016 e 2023, os FIDCs passaram de uma participação quase marginal de 2,5% do mercado para cerca de 5%. Além disso, a tendência é de uma expansão exponencial. Nos últimos 12 meses, esses fundos captaram R$ 120 bilhões líquidos, superando amplamente os fundos de renda fixa, que registraram apenas R$ 9,47 bilhões no mesmo período, conforme dados do Boletim Anbima de Renda Fixa.

Enquanto outros tipos de investimento enfrentaram saídas expressivas de recursos, os FIDCs se destacaram, atraindo tanto investidores institucionais como pessoas físicas. Esse panorama sugere que o investidor brasileiro está em busca de maior rentabilidade e demonstrando disposição para explorar novas opções para alcançá-la.

Popularização e mudança de perfil

O número de investidores que alocam recursos em FIDCs apresentou um salto significativo, passando de pouco mais de 12 mil em 2016 para mais de 200 mil em 2023. Essa popularização indica que o investidor brasileiro, que historicamente tem uma abordagem conservadora, começa a perceber a possibilidade de diversificação por meio de instrumentos mais sofisticados, sem, necessariamente, assumir riscos excessivos.

Entretanto, ainda existem desafios a serem enfrentados. Os FIDCs eram tradicionalmente relacionados a investidores qualificados e à complexidade de suas estruturas jurídicas e operacionais. Contudo, a democratização do acesso, juntamente com a busca por alternativas rentáveis, está desconstruindo essas barreiras.

Se a previsão de que o mercado alcance 10 mil fundos até o final da década se concretizar, isso poderá resultar em uma transformação significativa na dinâmica do crédito no Brasil.

Uma nova era no crédito corporativo

Com o aumento da oferta de FIDCs, muitas empresas encontram nesse instrumento uma alternativa eficaz para a antecipação de recebíveis e para a redução da dependência do crédito bancário tradicional. A ascensão dos FIDCs não é apenas um capítulo na história do mercado de capitais; trata-se de uma mudança de paradigma.

Ainda que a renda fixa não desapareça completamente, seu reinado como a principal opção de investimento chegou ao fim. O investidor brasileiro está, gradualmente, abrindo espaço para a adoção de estratégias de investimento mais sofisticadas.

O desafio que se apresenta agora é preparar os investidores para lidar com as complexidades que os FIDCs exigem: entender a estrutura dos fundos, a política de investimento e acompanhar o desempenho dos gestores especializados. A popularização desses instrumentos dependerá não apenas do apetite ao risco, mas também de uma maior educação financeira e de uma transparência regulatória robusta.

Fonte: www.moneytimes.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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