Autoridades dos Estados Unidos e da China estabeleceram um acordo preliminar, evitando a imposição de uma tarifa de 157% sobre produtos chineses. Este passo também abre caminho para futuras discussões comerciais que devem ocorrer entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping ainda esta semana.
O progresso observado aconteceu durante a primeira parte da turnê diplomática de uma semana de Trump pela Ásia, contribuindo para a diminuição das tensões entre as duas maiores economias globais, após semanas marcadas por ações que intensificaram as retaliações mútuas.
A notícia gerou reações positivas nos mercados asiáticos e nas negociações futuras das ações americanas.
Sinais positivos na Malásia
Recentemente, negociadores dos EUA e da China realizaram uma nova rodada de diálogos em Kuala Lumpur, capital da Malásia, que foi a primeira parada da intensa turnê diplomática de Trump na região asiática.
Os primeiros sinais positivos nas negociações comerciais começaram a aparecer logo após a chegada de Trump no domingo (26).
“Acredito que conseguimos estabelecer uma estrutura substancial para o encontro dos dois líderes na próxima quinta-feira”, afirmou o Secretário do Tesouro Scott Bessent à ABC em Kuala Lumpur, onde ele e o Representante Comercial Jamieson Greer lideraram a delegação americana durante a quinta rodada de negociações presenciais.
Ele também comentou à CBS News que as tarifas de 100% sobre produtos chineses, anteriormente ameaçadas por Trump, estão “efetivamente fora da mesa”.
A atenção agora se volta para o tão aguardado encontro entre Trump e Xi Jinping, que deve ocorrer na Coreia do Sul na quinta-feira (30). No entanto, este encontro já enfrenta dúvidas em relação à sua confirmação real.
A reunião, que será a primeira entre os dois durante o segundo mandato de Trump, está programada para acontecer à margem da cúpula de CEOs da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, onde Trump deve fazer um pronunciamento.
A confirmação da realização do encontro por Pequim ainda não foi feita. Essa falta de confirmação não é incomum, já que o governo chinês raramente divulga informações desse tipo antes das negociações.
No entanto, os últimos sinais provenientes dos negociadores comerciais na Malásia sugerem um ambiente mais encorajador antes deste encontro tão esperado.
Terras raras e soja
As tensões entre os Estados Unidos e a China aumentaram consideravelmente em setembro, após a ampliação da lista restritiva de exportações dos EUA, que afetou um número crescente de empresas chinesas em acesso à tecnologia americana. Em contrapartida, a China intensificou os seus próprios controles sobre a exportação de minerais de terras raras.
A ampliação das restrições de Pequim aos minerais críticos, nos quais a China possui um papel quase monopolista no processamento, levou Trump a prometer a imposição de novas tarifas de 100% sobre importações chinesas, inicialmente previstas para entrarem em vigor em novembro.
Embora os detalhes da estrutura do acordo não tenham sido completamente divulgados, Bessent mencionou à NBC que espera que os Estados Unidos recebam “algum tipo de adiamento” nos controles sobre a exportação de terras raras. Ele acrescentou que essa estrutura prepara Trump e Xi para uma reunião que se espera ser “muito produtiva”.
Além disso, Bessent informou à CBS que a China deve realizar compras “substanciais” de soja americana.
Agricultores de soja em locais como Illinois, Iowa, Minnesota e Indiana estão realizando suas colheitas neste outono sem pedidos de compra da China, que antes era a maior adquirente de soja americana.
Em relação ao fentanil, Bessent confirmou que houve um acordo inicial para uma maior colaboração no combate à entrada de precursores químicos da droga ilegal nos Estados Unidos.
Ademais, o negociador americano afirmou que as duas partes chegaram a um “acordo final sobre o TikTok”, que estipula que os ativos americanos do aplicativo deverão ser vendidos para compradores dos Estados Unidos, conforme a legislação em vigor no país.
O acordo entre os Estados Unidos e a China sobre o popular aplicativo de vídeos curtos foi finalizado após as discussões ocorridas em Madri.
“A partir de hoje, todos os detalhes foram acertados, e caberá aos dois líderes concretizar essa transação”, disse Bessent.
“Choques e flutuações”
No último domingo, a agência estatal chinesa Xinhua anunciou que os negociadores comerciais dos EUA e da China chegaram a um “consenso preliminar” sobre como lidar com suas “respectivas preocupações”.
Li Chenggang, que é o principal negociador comercial da China e liderou a delegação chinesa juntamente com o vice-primeiro-ministro He Lifeng, afirmou que ambas as partes mantiveram diálogos aprofundados sobre temas como tarifas portuárias especiais dos EUA sobre embarcações construídas na China, a continuidade da trégua comercial, as tarifas sobre o fentanil, além da cooperação no combate às drogas ilegais e sobre os controles de exportação.
“Os choques e flutuações” ocorridos entre as duas nações ao longo do último mês “não foram o que a China esperava”, destacou Li aos jornalistas após as conversas no domingo, enfatizando que o país continua comprometido em proteger seus interesses, mesmo diante da postura firme dos EUA.
Por fim, o comunicado ressalta que ambos os lados concordaram em concluir os detalhes específicos e seguir com seus respectivos processos de aprovação interna.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
