Trump deseja uma Coca-Cola "patriótica" — e o Brasil pode se beneficiar.

Trump deseja uma Coca-Cola “patriótica” — e o Brasil pode se beneficiar.

by Ricardo Almeida
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Coca-Cola e a Proposta de Trump

Donald Trump anunciou em sua rede social, a Truth Social, sua intenção de convencer a Coca-Cola a produzir uma versão de sua bebida que utiliza açúcar de cana cultivado nos Estados Unidos. Essa proposta busca substituir o xarope de milho de alta frutose, que é amplamente utilizado pela indústria devido ao seu custo mais baixo e a subsídios que o tornam financeiramente viável.

Desafios da Produção de Cana-de-Açúcar nos EUA

Apesar da simplicidade da ideia, a proposta enfrenta um desafio significativo: os Estados Unidos não possuem produção de cana-de-açúcar suficiente para abastecer todo o mercado local. Enquanto isso, o Brasil continua a ser o maior exportador de açúcar do mundo, com cerca de 40% das vendas globais, segundo dados recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Assim, se o plano da Coca-Cola se concretizar, é provável que a matéria-prima necessária venha do Brasil.

Açúcar, Política e Marketing

A história começou no início do ano, quando Trump declarou em sua rede social que havia "convencido" a Coca-Cola a produzir uma versão da bebida doce com açúcar de cana americano. A Coca-Cola confirmou a iniciativa meses depois e se comprometeu a lançar o novo produto em 2025. No entanto, a proposta esbarrou em limitações práticas relacionadas à oferta de cana nos Estados Unidos, que é considerada insuficiente.

Em uma entrevista à Bloomberg News, o diretor financeiro da Coca-Cola, John Murphy, admitiu essas restrições, afirmando: “Será uma implementação comedida. Há apenas uma quantidade limitada de açúcar de cana disponível nos Estados Unidos.” Desse modo, o refrigerante "à moda Trump" deve entrar no mercado, mas de maneira gradual e restrita a regiões específicas.

Limitações na Produção e Embalagem

Murphy também destacou dois principais problemas que precisam ser enfrentados: a oferta de açúcar e a capacidade de produção de garrafas de vidro. A Coca-Cola tem o objetivo de replicar o sucesso da chamada "Coca Mexicana", que utiliza açúcar de cana e é vendida em garrafas de vidro, um símbolo de qualidade superior.

Ele afirmou à Bloomberg: “Se você observar o sucesso da Coca mexicana nos Estados Unidos, verá que é uma combinação do produto e da embalagem. Queremos oferecer essa mesma experiência, mas com açúcar americano.” Entretanto, a linha de produção de garrafas de vidro é limitada e distinta da utilizada para latas, enquanto a demanda global por esse tipo de embalagem continua a crescer. Portanto, a Coca-Cola prevê lançar o novo produto em etapas e expandir a distribuição possivelmente apenas em 2026.

O Dilema da Indústria Americana

Trump defende um refrigerante “100% americano”, mas a infraestrutura agrícola e industrial do país não é suficiente para apoiar essa promessa. Produtores de milho, que dominam a cadeia de adoçantes nos EUA, expressaram suas preocupações: a substituição do xarope de milho pelo açúcar de cana pode reduzir a demanda e impactar um setor protegido por subsídios há décadas.

Neste contexto, o Brasil observa com atenção a situação. Para que toda a produção norte-americana de Coca-Cola possa ser adoçada com açúcar de cana, será necessário importar o material. Essa dinâmica pode beneficiar o agronegócio brasileiro, que já enfrenta políticas agrícolas dos Estados Unidos que historicamente têm impacto significativo em seu setor.

Veja-se que não seria a primeira vez que uma decisão política em Washington favoreceria o agronegócio brasileiro. Atualmente, o Brasil é responsável por aproximadamente 50% das exportações globais de açúcar e possui um clima privilegiado, tecnologia consolidada e uma escala industrial significativa.

Na B3, empresas como Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3) estão atentas aos desdobramentos desse movimento. Um potencial aumento na demanda internacional pode elevar os preços da commodity e trazer benefícios para as exportadoras brasileiras. Contudo, a sobretaxa de 50% imposta por Trump ao açúcar brasileiro continua a ser um obstáculo considerável para essa equação.

Contexto do Mercado

Enquanto Trump discute a questão do açúcar, o mercado da Coca-Cola continua a evoluir de outras formas. No terceiro trimestre, as vendas da Coca Zero cresceram 14% globalmente. A empresa está ampliando sua presença em bebidas que são consideradas mais saudáveis, como Smartwater e BodyArmor.

Portanto, apesar de a empresa acompanhar o jogo político proposto por Trump, sua prioridade real se concentra em capturar o consumidor que busca opções de bebidas mais saudáveis e menos calóricas.

Fonte: www.moneytimes.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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