Sanções dos EUA contra as empresas de petróleo da Rússia
Contexto das Sanções
A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor sanções às duas maiores empresas de petróleo da Rússia, Rosneft e Lukoil, representa uma ameaça potencial ao fluxo de energia que conecta Moscovo aos seus principais mercados na Ásia. No entanto, especialistas da indústria afirmaram à CNBC que essas sanções não devem provocar um choque imediato na oferta de petróleo.
Motivos das Sanções
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou, na quarta-feira, a aplicação de sanções às empresas mencionadas, citando a "falta de compromisso sério" de Moscovo para encerrar a guerra na Ucrânia. As sanções têm como objetivo "degradar" a capacidade do Kremlin de financiar sua campanha militar, com a perspectiva de que outras medidas possam ser adotadas no futuro.
O governo estabeleceu o dia 21 de novembro como o prazo para que as operações sejam encerradas, o que confere às empresas cerca de um mês para finalizar ou cancelar acordos existentes com Rosneft e Lukoil. Essa abordagem parece ter sido planejada para evitar causar um caos imediato nos mercados de petróleo enquanto se aplica pressão sobre a Rússia, segundo Bob McNally, presidente do Rapidan Energy Group.

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🌎 Abrir minha conta NomadImpacto no Mercado de Petróleo
Rosneft e Lukoil juntos são responsáveis por aproximadamente metade dos mais de 4 milhões de barris de petróleo bruto exportados pela Rússia diariamente, volumes que encontraram mercado estável na Ásia desde que o Ocidente impôs um teto de preço de US$ 60 por barril no final de 2022, de acordo com dados fornecidos pela Vanda Insights.
Em setembro, a China importou cerca de 2 milhões de barris diários de petróleo russo, enquanto a Índia adquiriu cerca de 1,6 milhão de barris diariamente.
Análise do Impacto
Muyu Xu, analista sênior de petróleo bruto na empresa de análise de dados de commodities Kpler, declarou: "Esta é uma possível escalada significativa. As sanções de Trump sobre Rosneft e Lukoil terão implicações significativas para as exportações de petróleo russas por mar, podendo levar compradores importantes a reduzir as compras — se não a interrompê-las completamente — em um futuro próximo."
Na Índia, espera-se que as sanções afetem diretamente diversos refinadores que estão ligados ao fornecimento russo. Refinadores estatais indianos — Indian Oil, Bharat Petroleum, Hindustan Petroleum, além de grandes empresas privadas como Reliance Industries, HPCL-Mittal Energy Ltd., e Oil and Natural Gas Corp (ONGC) — estão entre os mais expostos, segundo dados da Kpler.
Reverificações na Índia
A Rosneft é responsável por quase 50% da Nayara Energy Ltd., que opera a refinaria de Vadinar em Gujarat, e poderá enfrentar dificuldades para vender produtos refinados, mais do que para obter petróleo bruto. As refinarias estatais indianas estão, neste momento, revisando a documentação de suas transações de petróleo russo para confirmar que nenhum de seus suprimentos origina-se diretamente de Rosneft ou Lukoil, conforme reportagem da Reuters na quinta-feira, citando uma fonte com conhecimento direto da situação.
"É provável que a Índia precise se afastar de seus contratos de fornecimento por mar, enquanto os fluxos de oleoduto da China podem continuar", afirmou Emma Li, analista de mercado de petróleo da Vortexa.
Precauções das Refinarias Chinesas
Os especialistas em energia também alertaram que as refinarias na China precisarão agir com cautela. Todos os empreendimentos estatais deverão ser cuidadosos com as cargas vinculadas a Rosneft e Lukoil, segundo Xu. A China National Petroleum Corporation possui acordos com a Rosneft para fornecimento através de oleodutos, mas não possui contratos de longo prazo para petróleo bruto por mar, conforme dados da Vortexa.

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Abra sua Conta Internacional Nomad e aproveite taxa 0% na sua primeira conversão. Uma forma inteligente, rápida e segura de enviar, guardar e usar seu dinheiro em dólar.
🌎 Abrir minha conta Nomad"Não espero um fechamento completo dos fluxos de petróleo bruto russo, mas uma pausa imediata a curto prazo parece inevitável", comentou Xu.
Desafios para os Compradores
As sanções significam que os compradores precisarão encontrar novas formas de movimentar e pagar por esses embarques, o que acarreta custos e complicações adicionais. Isso é exatamente o que os EUA buscam: cortar os lucros de Moscovo sem interromper completamente suas exportações, conforme explicou McNally.
As empresas Indian Oil, Bharat Petroleum, Hindustan Petroleum, ONGC, Reliance Industries e a China National Petroleum Corporation não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da CNBC.
Opções para China e Índia
Especialistas em energia observaram que China e Índia terão poucas opções além de recorrer principalmente aos suprimentos dos EUA e da Opep. "Há capacidade ociosa dentro da Opep atualmente, especialmente na Arábia Saudita. Mas a demanda aumentada pelo suprimento global não sancionado elevará os preços", afirmou John Kilduff, sócio da Again Capital.
Os preços do petróleo subiram cerca de 5% antes de recuar ligeiramente após o anúncio. O benchmark global Brent estava sendo negociado a 3,71% mais alto, a US$ 64,91 por barril às 2h da manhã, horário de Brasília, enquanto o petróleo bruto dos EUA subiu 3,93%, atingindo US$ 60,80.
Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, ressaltou que a alternativa para China e Índia seria um maior fornecimento de petróleo do Oriente Médio.
Diferenças em Relação a Medidas Anteriores
As novas medidas diferem significativamente do mecanismo de teto de preços do G7, que permitia o fluxo de petróleo russo desde que fosse vendido abaixo de US$ 60 por barril. "Isso parece implicar que não se pode comprar petróleo bruto russo, independentemente do preço", disse Kilduff. "É uma proibição geral."
"Esta é a questão mais alta que se pode levantar e Washington não pode correr o risco de parecer um tigre de papel", afirmou Hari. "Mas uma pergunta muito maior é se as sanções serão sustentadas… Uma ligação entre Trump e Putin poderia mudar a situação em 180 graus novamente."
Fonte: www.cnbc.com
