Crise no Setor Bancário Global
Desvalorização das Ações Bancárias
No dia 5 de novembro de 2020, um denso nevoeiro cobria o distrito financeiro de Canary Wharf em Londres, onde se localizam instituições financeiras globais como Citigroup Inc., State Street Corp., Barclays Plc e HSBC Holdings Plc.
As ações de bancos em todo o mundo sofreram uma forte venda na última sexta-feira, impulsionadas pelo temor relacionado a empréstimos problemáticos nos Estados Unidos, que provocaram uma onda de incerteza no mercado de ações global.
Na quinta-feira anterior, os mercados acionários dos EUA já estavam abalados devido a crescentes preocupações sobre práticas de empréstimos inadequadas, após o anúncio de empréstimos ruins feitos pelas instituições financeiras Zions e Western Alliance.
As ações do setor bancário foram duramente atingidas, não conseguindo melhorar mesmo diante de relatórios financeiros positivos. Essa apreensão é uma continuidade de um descontentamento pré-existente sobre a concessão de empréstimos, especialmente após a falência de duas empresas relacionadas a automóveis durante o ano. Isso levou o executivo-chefe do JPMorgan, Jamie Dimon, a comentar que "quando você vê uma baratinha, provavelmente há mais por aí".
Desempenho das Ações dos Bancos Americanos
No pré-mercado de sexta-feira, as ações de grandes credores nos Estados Unidos apresentaram queda. O JPMorgan foi observado com uma desvalorização de 1,5%, enquanto o Citigroup registrou uma queda de 1,9%. O Bank of America teve uma desvalorização ainda maior, de 2,9%.
Impacto na Europa
O índice bancário regional Stoxx, na Europa, caiu quase 3% na sexta-feira. Ações de grandes bancos europeus também caíram significativamente, com o Banco Sabadell da Espanha, que recentemente enfrentou uma tentativa de aquisição fracassada pela BBVA, apresentando uma queda de 8,9%. O Deutsche Bank, da Alemanha, perdeu 6,9% do seu valor, enquanto o Barclays, uma gigante bancária britânica, teve uma queda de 5,4%.
Queda nas Ações da Região Ásia-Pacífico
Durante o dia de negociações, alguns bancos listados na região da Ásia-Pacífico também enfrentaram dificuldades. Empresas financeiras japonesas com exposição aos mercados dos EUA foram particularmente afetadas. O Mizuho Financial Group apresentou uma queda de 4%, enquanto os seguradores Sompo Holdings e Tokio Marine perderam 4,7% e 3,5%, respectivamente. As ações do HSBC, listadas em Hong Kong, recuaram 2%.
Esse cenário ocorreu após um dia de vendas intensas nas ações dos credores regionais da América e do banco de investimentos Jefferies, que enfrentaram uma desvalorização significativa na quinta-feira devido a relatos de práticas de empréstimos problemáticas. O Zions Bancorporation viu suas ações caírem mais de 13%, enquanto a Western Alliance Bancorp perdeu mais de 10%. O ETF SPDR S&P Regional Banking (KRE) caiu mais de 6% ao final da sessão, com apenas um de seus constituintes terminando o dia em território positivo.
Expectativas para Continuar a Queda
As negociações no pré-mercado indicaram a continuação dessas perdas na sexta-feira, com o Zions registrando uma queda de 1,1% e a Western Alliance apresentando uma desvalorização de 1,5%.
A Reação Imediata do Mercado
Em um comunicado na manhã de sexta-feira, Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, destacou que certas áreas do setor bancário dos Estados Unidos suscitaram preocupações que agora estão impactando os índices na Europa.
"Os investidores começaram a questionar por que houve uma série de problemas em um intervalo tão curto e se isso indica má gestão de riscos e normas de empréstimos frouxas," afirmou Mould.
A retração das ações de bancos listados no Reino Unido parece ser guiada pelo sentimento geral do mercado. Investidores ficaram alarmados e decidiram reduzir suas participações no setor, possivelmente adotando uma estratégia de menor exposição caso uma crise esteja se formando. Embora não haja evidências de problemas nos principais bancos listados em Londres, os investidores frequentemente reagem de forma imediata a problemas que surgem em qualquer parte do setor.
Avaliação do Cenário Atual
David Barker, gerente de investimentos da equipe de investimentos em ações europeias da GAM, que administra os fundos Star European Equity e Star Continental European Equity, afirmou à CNBC que, apesar das últimas ocorrências marcarem a terceira questão de crédito nos EUA em um mês, atualmente não há evidências de problemas estruturais profundos relacionados aos empréstimos.
"O principal problema parece ser a integridade do colateral, com garantias sendo pledgadas duas vezes ou apresentando fraudes. Isso sugeriria que as perdas são idiossincráticas e ainda não há evidências de novas questões," explicou Barker em um e-mail.
Barker salientou que bancos europeus, seguradoras e gestores alternativos estão, de fato, se desvalorizando "em simpatia," e sua performance superior ao longo do ano amplifica a queda atual.
O setor bancário foi um dos destaques no rali das ações europeias este ano, com o índice do setor subindo mais de 50% ao longo de 2025. Barker também comentou sobre a situação geral dos bancos europeus, afirmando que estão bem capitalizados e que reduziram significativamente os riscos em seus balanços ao longo da última década.
"Consideramos que a situação atual não é comparável ao pânico de março de 2023, quando os bancos regionais dos EUA enfrentaram instabilidade, como foi o caso do SVB e do First Republic. Naquele momento, os bancos europeus experimentaram uma venda rápida, mas recuperaram sua performance rapidamente… Esperamos que a venda desta manhã nos bancos europeus seja efêmera, desde que não ocorram novos choques."
Fonte: www.cnbc.com
