Banco do Brasil (BBAS3) Enfrenta Período Desafiador
O Banco do Brasil (BBAS3) deve continuar enfrentando um cenário turbulento, com lucros pressionados, conforme um relatório do Itaú BBA divulgado na última quarta-feira, dia 3 de outubro.
Revisão das Expectativas de Resultados
Os analistas do Itaú BBA reduziram em 18% as estimativas para os resultados de 2025 e em 20% para 2026. A recomendação para as ações permanece neutra, com um preço-alvo de R$ 23 até o final de 2026, o que representa um potencial de alta de 13,7% em relação à cotação atual de R$ 20,22.
Desafios no Agronegócio
Os desafios enfrentados pelo agronegócio, que já haviam surpreendido negativamente neste ano, continuam sem uma solução à vista. O volume de créditos em aberto chegou a 16% da carteira do setor, um nível significativamente superior à média histórica de 5%, aumentando assim o risco de inadimplência. De acordo com o relatório do Itaú BBA, “se não fossem as renegociações, cerca de R$ 36 bilhões poderiam ter virado calote”.
Provisões Necessárias para PMEs e Pessoas Físicas
Embora o agronegócio seja um dos principais fatores negativos, não é o único responsável pela atual situação do Banco do Brasil. Os analistas também alertam que Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e pessoas físicas deverão exigir mais provisões, uma vez que houve um crescimento acentuado nas renegociações dessas carteiras.
Projeções de Despesas para 2026
Para o ano de 2026, a instituição ainda projeta despesas de provisão em torno de R$ 56 bilhões, valores semelhantes aos projetados para 2025. Outro ponto de preocupação é a desaceleração na carteira de crédito. O guidance do Banco do Brasil para 2025 foi revisado de 7,5% para 4,5%, enquanto a expectativa para 2026 indica um crescimento modesto de 6%. Essa desaceleração deve impactar negativamente os spreads, tornando as receitas com tarifas menos robustas e exercendo pressão sobre a eficiência operacional da instituição.
Queda no Lucro Líquido Projetado
Consequentemente, o lucro líquido projetado para o Banco do Brasil foi reavaliado, caindo para R$ 20,3 bilhões em 2025, o que representa uma queda de 47% em relação ao ano anterior. Em 2026, a projeção é de um lucro líquido de R$ 24,4 bilhões, que corresponde a uma alta de 20% em comparação ao período anterior. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) esperado para 2026 é de apenas 12,2%, ainda abaixo do custo de capital. Ademais, o dividend yield deve se restringir a 4-5%, com um payout estimado em cerca de 30%.
Visão Cautelosa dos Analistas
Apesar do desconto em relação ao valor patrimonial, o Itaú BBA aponta que a baixa visibilidade em relação aos lucros justifica uma postura cautelosa. Os analistas afirmam: “Acreditamos no potencial de longo prazo do banco, mas preferimos ficar de fora por enquanto”.
Considerações Finais
O Banco do Brasil enfrenta um cenário repleto de desafios, com a necessidade de ajustes tanto nas expectativas de lucros quanto nas provisões para inadimplência. À medida que a instituição se prepara para o futuro, a atenção a fatores internos e externos será crucial para sua recuperação e prosperidade.