Desempenho Financeiro da JHSF no Último Trimestre
A JHSF, uma das principais empresas do setor de renda recorrente no Brasil, reportou seu sétimo trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos em suas operações. O desempenho foi impulsionado por locações robustas, shoppings com ocupação máxima e uma demanda significativa por hangaragem no Aeroporto Catarina. A companhia apresentou resultados que superaram as expectativas do mercado em quase todas as linhas, salvo uma exceção na receita total.
Resultados Financeiros
A JHSF, liderada por Zeco Auriemo, registrou uma receita líquida de R$ 496 milhões, representando um crescimento de 26,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O valor ficou ligeiramente abaixo do consenso do mercado, que previa uma receita de R$ 506 milhões.
EBITDA Ajustado
O EBITDA ajustado apresentou uma performance notável, alcançando R$ 247 milhões, superando consideravelmente as projeções do mercado de R$ 201 milhões, com um aumento de 21,2%. Este resultado reflete a capacidade da empresa em controlar custos, mesmo com um aumento de 60% nas despesas durante o período.
Impactos das Despesas
O CEO Augusto Martins esclareceu que o aumento nas despesas se deve à antecipação do pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que foi realizada no terceiro trimestre deste ano. Além disso, houve um investimento maior em marketing, refletindo a estratégia da JHSF de fortalecer sua marca.
“Esse aumento é explicado pela expansão das operações e pelo início de novos negócios, como o Boa Vista Surf Lodge, o Fasano Sardegna e o Fasano Tennis Club”, afirmou Augusto ao Brazil Journal. Ele acrescentou que os gastos preparatórios para lançamentos e eventos são estratégicos para posicionar a marca no mercado, o que deve trazer retorno no médio e longo prazos.
Lucro Líquido e Vendas da Incorporação
O lucro líquido ajustado da empresa cresceu 45%, totalizando R$ 245,8 milhões. No segmento de incorporação, as vendas aceleraram, alcançando R$ 166 milhões, o que representa uma alta de 22,9%. Isso ocorreu devido à implementação de uma estratégia que visa retardar novos lançamentos, a fim de preservar as margens dos produtos no mercado.
“A escassez é algo que a gente constrói. Não é só uma questão de mercado, mas de manter um nível de curadoria e controle de oferta que preserve o valor dos nossos produtos”, ressaltou o CEO.
Lançamentos Futuros
No segundo semestre, a JHSF planeja lançar novos projetos, incluindo o Fazenda Santa Helena em Bragança Paulista, o Boa Vista Estates em Porto Feliz, e o Reserva Cidade Jardim na capital paulista.
“Esses lançamentos devem contribuir para manter o ritmo de vendas e a geração de caixa nos próximos trimestres”, explicou o executivo.
Performance do Setor de Renda Recorrente
O segmento de renda recorrente, que representou 62% da receita total da JHSF, continuou a crescer de maneira acelerada. Os shoppings da empresa, por exemplo, tiveram um crescimento de 17% nas vendas e 12,9% no aluguel das mesmas lojas, com o Cidade Jardim registrando um aumento de quase 27% em vendas.
No entanto, o resultado operacional dessa área enfrentou desafios devido ao aumento das despesas financeiras, levando a uma queda de 78% no lucro operacional, que totalizou R$ 14,9 milhões.
Aeroporto Catarina
A performance no Aeroporto Catarina compensou parcialmente a queda na lucratividade dos shoppings. O aeroporto executivo teve um crescimento expressivo, com aumento de quase 50% na receita, 64% no EBITDA e 137% no lucro líquido.
Segundo o CEO, os resultados do aeroporto devem ainda melhorar nos próximos trimestres, com a entrega de quatro novos hangares e a crescente demanda por hangaragem, com quase 100 aeronaves na fila.
Segmento de Hospitalidade
No setor de hospitalidade, a JHSF observou um crescimento significativo em sua receita líquida, que dobrou para R$ 38,7 milhões. Isso foi impulsionado pelo aumento no número de unidades em locação e o início das operações do Fasano Tennis Club, além da evolução das atividades do Boa Vista Village Surf Club.
A JHSF Residences apresentou uma taxa de ocupação contratada de 90% em seu portfólio de 123 mil metros quadrados disponíveis para locação. Recentemente, a empresa também realizou um soft opening do Fasano Sardegna e avançou com o projeto do Fasano Miami Beach, que está previsto para ser entregue até 2027.
“Esse crescimento gera um aumento das despesas, mas reforça a proposta de valor da companhia e deve gerar retorno no médio e longo prazo”, afirmou Augusto.
Desempenho das Ações da JHSF
As ações da JHSF acumularam uma valorização de 26% nos últimos 12 meses, ao passo que o Ibovespa registrou uma alta de apenas 2,2%. O mercado tem percebido que a empresa possui um portfólio alinhado para atravessar ciclos econômicos sem comprometer suas margens.
Captação de Recursos
No segundo trimestre, a JHSF concluiu uma emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) no valor de R$ 625 milhões, a um custo médio de 104% do CDI, elevando sua captação total para quase R$ 3 bilhões em menos de um ano.
Segundo Augusto, a empresa está experimentando o menor custo de capital de sua história, com uma média de CDI + 0,98%, uma redução de 70 pontos base em relação ao ano passado.
“Alongamos bastante o duration da dívida nos últimos anos, o que proporciona mais previsibilidade e reduz a pressão de curto prazo sobre o caixa. O perfil do nosso endividamento agora é compatível com os ciclos de maturação dos nossos projetos”, concluiu.
Valor de Mercado
Atualmente, a JHSF é avaliada em R$ 3,6 bilhões na B3, refletindo seu sólido desempenho financeiro e a confiança do mercado na sua capacidade de gerar valor em um cenário desafiador.
