A Grande Notícia
Nos círculos de negócios, muitos esperavam um amplo acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. No entanto, um acordo agora parece ainda mais distante.
O destino do TikTok nos Estados Unidos ofuscou a mais recente rodada de negociações comerciais, a ponto de agora não estar claro se ambos os lados estão alinhados sobre como deve ser a desinvestidura do aplicativo da empresa-mãe ByteDance, com sede em Pequim.
Enquanto isso, em questões como tarifas, fentanil e semicondutores, ainda menos foi dito por qualquer uma das partes.
A distância já é visível. A China manteve silêncio sobre possíveis reuniões futuras, mesmo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tendo anunciado que ele e o presidente chinês, Xi Jinping, “concordaram” em se encontrar na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) na Coreia do Sul no próximo mês.
Desenvolvimentos Recentes
A falta de detalhes na declaração do lado chinês “sugere que a China está se dando mais tempo para negociar, enquanto os EUA estão ansiosos por acordos”, afirmou Winston Ma, professor adjunto na Escola de Direito da Universidade de Nova York, destacando que Pequim “não mencionou nada sobre a reunião da APEC”.
Além disso, as compromissos vagos da China em relação a um acordo de licenciamento tecnológico para manter o TikTok ativo nos EUA são vistos como uma “solução que está em conformidade com as leis e regulamentos da China”.
Isso contrasta com o fluxo constante de detalhes provenientes dos EUA, abrangendo tudo, desde investidores até assentos no conselho. Um relatório da Politico, citando um oficial sênior não identificado da Casa Branca, afirmou até que a administração Trump está “100% confiante” em um acordo forçando a ByteDance, sediada em Pequim, a desmembrar as operações do TikTok nos Estados Unidos.
Entretanto, Trump pode ter precedido a frieza da China ao afirmar em uma postagem no Truth Social que ele “aprecie a aprovação do TikTok” após sua conversa com Xi, mesmo que Pequim tenha mantido sua comunicação vaga.
A China, por sua vez, acompanhou essa frieza com uma intensa cobertura da mídia ao redor de suas mais recentes conversas com os EUA em Madrid, visando projetar confiança como uma potência tecnológica após uma exibição de novas armas no desfile militar de 3 de setembro.
O Contexto é Fundamental
Na véspera das conversas em Madrid, realizadas no início deste mês, Pequim anunciou novas investigações sobre chips dos EUA. E, enquanto as negociações se encerraram na segunda-feira, a China destacou a empresa Nvidia por supostas práticas monopolistas. Na noite seguinte, o noticiário vespertino oficial — amplamente observado por autoridades e por quem tenta decifrar as intenções de Pequim — incluiu um segmento ressaltando os semicondutores próprios da China.
Um dia antes da conversa entre Trump e Xi, a gigante tecnológica chinesa, Huawei, também afirmou que seu próximo cluster de chips será mais poderoso que o da Nvidia.
Todas essas notícias podem parecer eventos separados. No entanto, na China, onde o timing cerimonial é importante, pouco acontece sem um contexto — qualquer ação, desde um desfile até um silêncio escolhido, é calculada, frequentemente se conectando a um contexto político que pode parecer irrelevante para observadores externos.
Notavelmente, o último debate sobre o TikTok coincidiu com a semana nacional de cibersegurança da China, realizada de 15 a 21 de setembro. Em anos anteriores, o evento serviu como uma plataforma para Pequim promover sua agenda de segurança nacional.
“Sinceramente, não vejo por que a parte chinesa teria algum interesse em desinvestir o TikTok nos EUA”, disse Gary Dvorchak, diretor da Blueshirt Group, cuja atuação com listagens chinesas nos EUA o levou a transitar entre os dois países. “Qual o ganho disso? Eles estariam perdendo o controle de uma das joias da tecnologia da China”, ressaltou, apontando que os EUA não aceitaria se a China quisesse que a América vendesse parte do Google ou do Facebook. “Então, por que fariam algo que nós nunca faríamos?”
Apesar do impasse em relação ao TikTok, a China recebeu esta semana uma delegação bipartidária de representantes da Casa dos EUA, que chegou no final de semana após a última conversa entre Trump e Xi. Esta foi a primeira visita do tipo desde 2019.
O representante dos EUA, Adam Smith, que liderou a viagem, disse a repórteres na terça-feira que nas reuniões com líderes chineses ambas as partes discutiram o TikTok como um assunto a ser resolvido, mas não entraram em detalhes técnicos.
“Acho que vai haver muitos sons positivos” sobre o TikTok, disse Dvorchak, “mas então, no final, no último minuto, tudo sempre acaba em frustração.”
Isso dito, a batalha do TikTok se tornou parte de um jogo mais amplo de teatro político. Pequim nunca confirmou o anúncio de Trump no início da semana passada de que ele falaria com Xi — até que a mídia estatal anunciou na sexta-feira que os dois líderes estavam conversando.
Entretanto, quanto mais elaborada a encenação de ambas as partes, mais difícil se torna a obtenção de um acordo que satisfaça a estética de ambos os lados.
Destaques na Televisão da CNBC
Bill Bishop, da Sinocism, comparou as novas regras do visto H-1B dos EUA com o K-Visa da China e as implicações para ambos os países.
Shen Jianguang, vice-presidente e economista-chefe da gigante tecnológica chinesa JD.Com, avaliou a posição da China no comércio global em meio a um cenário econômico ainda lento.
Antes da ligação de Trump a Xi, Duncan Clark, presidente da BDA China e autor de “Alibaba: A Casa que Jack Ma Construir”, sugeriu que os EUA não podem se dar ao luxo de exagerar em suas demandas, visto que a China atualmente está em vantagem.
Informações Necessárias
O iPhone 17 da Apple vê aumento na demanda. A gigante do smartphone dos EUA pode estar prestes a um retorno, já que alguns compradores em Pequim disseram à CNBC que mais locais estão experimentando o iPhone este ano devido às suas funcionalidades aprimoradas. No entanto, o aguardado iPhone Air ainda não chegará à China devido ao seu design de eSIM.
Nacionais chineses enfrentam nova incerteza com visto nos EUA. Após a administração Trump anunciar que pediria que as empresas pagassem US$ 100.000 para novos requerentes de visto H-1B, muitos chineses compartilharam sua frustração nas redes sociais. A China foi o segundo maior beneficiário de vistos H-1B no ano passado, representando 11,7% dos titulares de vistos aprovados, de acordo com dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
Expectativas de valorização da ByteDance aumentam. A confiança dos investidores na gigante tecnológica chinesa aumentou desde que Washington e Pequim chegaram a um acordo preliminar sobre o futuro polêmico do TikTok nos EUA, disseram vários negociantes à CNBC. A última avaliação? US$ 400 bilhões.
Citação da Semana
Os investidores estão percebendo, ‘Eu fui informado de que a China é um lugar onde não se deve investir, e a Alibaba subiu 100%. É uma das maiores empresas do mundo. Talvez eu devesse estar reconsiderando isso.’
— Mark Tinker, CIO da Toscafund Hong Kong
Nos Mercados
As ações da China continental e de Hong Kong estavam em alta, contrariando as quedas gerais na Ásia, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar que “os preços das ações estão bastante valorizados”.
O Índice Hang Seng de Hong Kong e o CSI 300 da China continental subiram 1% e 0,88%, respectivamente. O Super Tufão Ragasa trouxe ventos de força de furacão para áreas altas e do sul em Hong Kong, conforme noticiado pelo Observatório de Hong Kong. As condições permanecem severas, com chuvas pesadas e tempestades esperadas.
As ações da Alibaba listadas em Hong Kong saltaram mais de 6% depois que o CEO Eddie Wu anunciou na quarta-feira que a empresa aumentará seu investimento em inteligência artificial.
— Lee Ying Shan
O Que Vem por Aí
25 de setembro: Xiaomi lançará a série de telefones 17 enquanto o CEO Lei Jun fará um discurso anual.
27 de setembro: Profits industriais para agosto.
30 de setembro: Índice oficial dos gerentes de compras (PMI).
1 a 8 de outubro: Mercados da China continental estarão fechados para o feriado do Dia Nacional da China.
Fonte: www.cnbc.com